De onde viemos éramos reis
Deuses de ébano, e mano sei
Que escola quando fala do século dezesseis
Dizem que os europeus vieram, fizeram, impuseram as leis

Tiraram nosso mérito, não nos deram o crédito
Por isso registro da história negra, não tem
Claramente devido ao interesse de alguém
Que ao nos verem pensa: que se danem

Tsunamis de insensatez, mudaram a história de vez
E a trajetória dos navios negreiros de donos burguês
O ouro e diamante vem de nossas terras
Quem vende essa matéria prima compra essa guerra

Ganância de quem atribui valor as nossas minas
Que pra nós não valia mais do que nossa comida
É a mais valia, mais quem avalia sabe
Que só queríamos nossas vidas e o que nos cabe

Me diz, como é ver um mendigo e um funkeiro ostentação
E se indignar mais com a segunda situação
Tempo nunca foi dinheiro, nunca contamos um ou outro
Mas se querem assim, nosso relógio é de ouro

Reluzente e brilhante, com pedras de diamantes
Dar uma boa condição para as nossas mães
E se você nos ver tomando banho de champagne
Pense que estamos repondo o nosso próprio sangue

(Refrão)
Não venha maldizer nossa ostentação
Por que isso vai mais além
Vivemos entre a tentativa e a tentação
Isso é bem mais do que os nossos bens

Bem mais que nossos bens
(Bem mais que nossos bens)
Vem mais que os nossos vem
(Vem mais que os nossos vem)

Um analfabeto não escreve um livro
Ele conta
Quem escreveu a história daqui nos desaponta
Meias verdades, muitas maldades
Pouca honestidade
Nada de lealdade e nenhuma reciprocidade

Nós temos a vaidade que a vida nos dá
Temos a necessidade de mostrar o que luta nos dá
Símbolos de poder que pra nós fazem sentido
É apenas a prova que nossa história te deixa ofendido

Nosso sorriso ofendia
Nossa luta ofendia
Você disfarça, mas nossa ascensão ofende hoje em dia
Muita gente não compreende qual a ligação
Pense: Quem não sonharia com uma cama ao dormir no chão?

Nossa ostentação tem outra importância
Além da compreensão de quem só vê ganância
Quem quer nos ver tristes e sem nenhuma ambição
São os mesmos que não viveram na nossa condição

Sonhamos com carros, com casas, massagens, viagens
Vivemos o caos, nas quebradas sofrendo às margens
Queremos aquilo que nos negaram de forma implícita
Quando conquistamos mostramos de maneira explícita

Vejam quem somos, de onde viemos e pra onde vamos
Mas lembrem quem fomos, o que sofremos e choramos
O brilho nos nossos olhos ainda é a esperança
De um mundo melhor e de vida digna pras crianças


(Refrão)
Não venha maldizer nossa ostentação
Por que isso vai mais além
Vivemos entre a tentativa e a tentação
Isso é bem mais do que os nossos bens

Bem mais que nossos bens
(Bem mais que nossos bens)
Vem mais que os nossos vem
(Vem mais que os nossos vem)