Cristian de Freitas

Tabajura

Cristian de Freitas


Escavei um buraco profundo
Pra fincar toda a solidão
Mas a vida vetou de impelir do meu mundo
O que jorrava do coração
Toda a magoa presente no mar
A proeza desdoura dissente
Das lamúria patentes de Deus
E então, serei a decorrência
Desses brocardos diários teus
À medida que eu for caminhando
Os telheiros se desgrudarão
E a terra subirá como a água no sol
Abrasando como fosse solo de sertão
E a lida carrega nas cacundas
Dois marmanjos bonitos por fora
Tanta angustia se fez nesse mundo
Os passageiros vão sempre embora
Grãos de chelpa desenham colares
E os milagres viram tabajuras
No corpo, a ferida se acende
E provoca horror e ternura
Todo o meu covil de sentimentos
Pendurado na boca do céu
Desconstroem paredes tão firmes
Firmamentos feitos de papel
Penduram num barranco de beira
Bananeiras desfazem seus cachos
Não há mais perfume no que cheira
Nem mais água naquele riacho
Escavei um buraco profundo
Me enterro com seixo por cima
E o tempo há chamar vagabundo
É capaz de mudar o meu clima
Tabajuras aquecem fornalhas
Tabajuras apagam a fé
Tabajuras sustentam canalhas
Tabajuras são como maré
Levam sonhos, trazem teus letargos
Trazem guerra e levam tua paz
Levam doces, trazem meus amargos
Escavei uma porta emperrada
Conquistei a última gruta
Escrevi no chão frio do nada
Qual era o gosto daquela fruta
Prometi que ia me calar
Quando alguém viesse responder
A pergunta que a morte tem feito
De quanto é preciso pra viver?

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