Escavei um buraco profundo Pra fincar toda a solidão Mas a vida vetou de impelir do meu mundo O que jorrava do coração Toda a magoa presente no mar A proeza desdoura dissente Das lamúria patentes de Deus E então, serei a decorrência Desses brocardos diários teus À medida que eu for caminhando Os telheiros se desgrudarão E a terra subirá como a água no sol Abrasando como fosse solo de sertão E a lida carrega nas cacundas Dois marmanjos bonitos por fora Tanta angustia se fez nesse mundo Os passageiros vão sempre embora Grãos de chelpa desenham colares E os milagres viram tabajuras No corpo, a ferida se acende E provoca horror e ternura Todo o meu covil de sentimentos Pendurado na boca do céu Desconstroem paredes tão firmes Firmamentos feitos de papel Penduram num barranco de beira Bananeiras desfazem seus cachos Não há mais perfume no que cheira Nem mais água naquele riacho Escavei um buraco profundo Me enterro com seixo por cima E o tempo há chamar vagabundo É capaz de mudar o meu clima Tabajuras aquecem fornalhas Tabajuras apagam a fé Tabajuras sustentam canalhas Tabajuras são como maré Levam sonhos, trazem teus letargos Trazem guerra e levam tua paz Levam doces, trazem meus amargos Escavei uma porta emperrada Conquistei a última gruta Escrevi no chão frio do nada Qual era o gosto daquela fruta Prometi que ia me calar Quando alguém viesse responder A pergunta que a morte tem feito De quanto é preciso pra viver?