Eu sou uma dama E levei pra cama rosa um buquê de flores E espalhei Todos os amores Que debaixo dela um dia eu deixei
Eu sou uma garota Meu rosto é perfeito feito de forma marota E hoje sei Que dentro do rosto, todo o meu desgosto Um dia eu cultivei
Rainhas de charrete E eu aqui no décimo a andar de patinete Sem saber de nada Tudo o que eu queria Era um rapaz que desse a paz e me subisse escadas
Perfume em rollon Meio tom, batom, claro, agora eu vou mais cedo Não existe medo Nem sequer segredo pra atrapalhar A minha sedução
Charme veio tarde Eu agora sofro com o pecado dessa noite Fria e calculista Como aquele homem Que parou seu carro e me deixou Na pista
Me atropelaram Me fizeram ver o meu rosto desfigurado Cheio de arranhões E com um espelho, me rasguei no meio De dois corações
Não tinha ninguém, tinha me vendido Por um preço que não vinha Nem me convinha Nua numa praça, ficou tão sem graça Eu ali sozinha
Comprei a vaidade, comprei os teus versos Homem das falsas verdades Comprei você Mas esqueci disso A felicidade não é de vender
Numa íngua inteira Soltando minha língua numa moda brasileira Daquelas caipiras E eu acreditando Que esse meu encanto é feito de mentiras
Acabou a chuva, acabou a glória E a vitória era a viúva Que seduziu Seus cachos de uva Cabelos de concha, dança no Brasil
Acabou beleza, me sobrou tristeza E agora a sobremesa não sou mais eu Você foi o glamour Que o senhor tomou, mastigou e me deu
Acabou a linda, mesmo que ainda Eu era Narciso de fêmea Minha irmã gêmea Era tão mais bela, tudo era tão claro E eu era escura Ah, que vida dura!
Acabou a grana, acabou a fama Tudo terminou em guerra Morri na praia Asfaltando a terra E pedindo esmola só de mini saia
Meu batom cessou, meu brilho acabou E as rosas na cama foram embora Coração que chora Esperando todo o dia a mesma hora
Uma borboleta, pedaços de show Passou a base na caneta, creme de avelã Nem o futuro sabe o que quer que acabe Depois de amanhã
Nunca fui pra escola Nunca namorei, nunca aprendi a jogar bola Nem mesmo peteca Hoje sou aquela Que toda donzela, recusou bonecas
Não sei o meu nome Nem meu sobrenome Nem pronome possessivo Nem se estás vivo, só sei que minha cama Ainda te ama, vem dormir comigo (Ivo!)
José, Jorge, Abreu Douglas e Renato, Vitor e Bartolomeu Téo, Fabiano Seja mineirinho, seja carioca Seja então goiano
Quero minha fama Troco por corrente de ouro Querem minha cama Troco por meu maior tesouro Quero minha lama Troco pela sujeira das suas palavras Quero e não reclama Tens de mim inteira, tens de mim migalhas Tens de mim migalhas Tens de mim migalhas