Cristian de Freitas

Já Volto

Cristian de Freitas


Bença, mãe
Eu tirei nota dez na prova e recebi o teu sorriso
Mas não posso me atrasar, meu vôo sai agora à noite
Viajarei pelas estrelas escolhendo onde pousar
E ficar rodando
Por quatro letras, quatro setas, quatrocentas milhas
Dê-me um abraço, deixe o feijão que as freiras vão olhar
Todo o caminho é diferente por mais que as pessoas queiram
Ficar por aqui
Bença, pai
Seus quatro olhos todos nobres são capazes de mentir
Dinheiro, fama, glória e paz e eu não existo pro senhor
E agora todo mundo chora a falta desse seu amor
Que ficou no escritório
No hangar da vida, eu pousei flores
Na realidade, meus amores
Nunca existiram suas dores
Nós no mundo, há um mundo em nós
Por mais que haja tudo, ainda estaremos sós
Tchau, desconhecido
E obrigado por ter espalhado coisas sobre mim
Espero que um dia desses o planeta te perfilhe
Mas não se iluda, fama passa e o que ficam são as mágoas
Passadas e coadas na peneira do sol
Até mais ver, doutores
Não quero mais pagar pra ter aquilo que sempre apodrece
E antes de tudo queria que um pouco de dinheiro desse
Pra eu enfeitar o meu cabelo com dinheiro do postal
Que eu disse pra vocês guardarem
E me disseram hoje, agora, que vocês jogaram fora
Nada no mundo me despreza quando sou mandado embora
Viajarei em buscas fúteis por qualquer lugar fora daqui
De onde estou
Mas se eu voltar, é porque eu esqueci de ainda me arrepender
Mas se eu voltar, é porque eu esqueci de ainda dormir na prisão
E fazer meu coração
Sofrer!

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