Cuidado, seu moço Tem vidro espalhado pela sala Tem sonho que não cabe na mala Tem peito que se fere e não se cala
Cuidado, seu moço Tem gente que não dorme de noite Tem coro esquentando no açoite Tem cravo se achando dama-da-noite
Cuidado, seu moço Tem soldado fugindo da cadeia Tem sangue fervendo na veia Tem vela que tá fria e incendeia Mesmo assim
Cuidado, seu moço Tem notícia repetida no jornal Todo o dia o mesmo carnaval Tem morte, política, miséria E tudo é normal
Cuidado, seu moço Não caminhe para o lado oposto Não enxugue as lágrimas no rosto Deixe-as escorrer, pois no chão vão ficar E ali vão morrer de desgosto
Cuidado, seu moço Somos cheios de "opniães" Eles miam como grandes cães E o que querem mesmo É serem pecados à parte
Cuidado, seu moço É preciso ter ensino médio Pra poder subir naquele prédio E ficar olhando para baixo Como se isso fosse espantar o seu tédio
Cuidado, seu moço Pra não tomar cuidado demais Nossas atitudes são anormais Pois somos quase todos iguais
Só não tome cuidado Pra não tomarem o seu lado Seu moço, abestado Só você não vê que tá errado Só não tome cuidado De ficar preocupado Já foi morto e amarrado Quem ainda vive acordado (e não 'tamo' sabendo de nada, seu moço)
Composição: Carol de Menezes e Cristian de Freitas