Marculino era porreta, traquinas, espoleta, alegria do sertão. Seta fillhos com Serafina, de língua ferina, mas debom coração.
Felizes eram, eu dou fé, num rancho de sapé, no Arraial do Ribeirão. Pra criar o bando de meninos só vivia indo e vindo trabalhando no sertão.
Então, ele agora ía vender o dia nas lavouras de café, na porteira o chororô... Chorou menino, Chorou homem e mulher.
Três meses longe foi eternidade. Mas a saudade ía já virar carvão. No pau-de-arara retornava, e a lua alumiava... Ía já ver o sertão.
Bom pai de família e ordeiro ganhou dinheiro nas terras da garôa a mala -um saco de estopa- entupido de roupa pros guris e a patroa.
Foi tanto que Guarani latia... Foi folia que a falilia deu de pé Na porteira o risoriu! Sorrui menino, sorriu homem e mulher.
E Serafina, doida no mormaço, deu-lhe um abraço toda cheia de paixão. Mas ele fez a voz tremer e disse: "Ocê nem percisa abraçá não! Um cascavé, serpente dandada, me mordeu lá, no lugá... Poie é, muié, intonce eu lhe digo: nós agora é só amigo, nós num vai mais vadiá!"
"vem não!" foi um reboliço. "Não vem com isso de ser só amigo, não! Cai fora, imprestáve, condenado, sivergonho, infuzado, Pegue logo o istradão!"
A meninada o saco já abria, no rancho só se via roupa ir de mão em mão "Meu bem!" Disse o matreiro. "Vem cá meu chêro, Num tem serepente não!"
E, aí, os dois de abraçaram, no terreiro se beijaram, e ela disse assim: "Danadim! Home tão artêro, Cachurrim, seu traquinêro, que choque deu ni mim."
Em paz a prole já dormia já sabia o fim da cena que passou. Paixão é coisa tão malina... E Serafina o candeeiro apagou. ( E aí foi só amor.)