Cícero Billy Alves
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A Dose É Que Difere o Remédio do Veneno

Cícero Billy Alves


- Bota mais uma aí, Rodolfo!
- Devagar, meu irmão, que o santo é de barro!

Ela tá inchado de tanto beber,
Ele já tá inchado de tanto beber.

De manhã cedo lá vai ele,
Todo dia é assim,
Numa baita tremedeira
Vai bater no botequim

A primeira é rebelde,
Tem que ter concentração…
Vira o copo de uma vez
Pra pinga não chover no chão

O carão de lua cheia
Falta só aluminar;
Os pisantes no sapato
Já não podem mais entrar


Quando lhe bate o delírio
Ele vê assombração,
Jacaré de bicicleta
E caça ninho de avião

Tanta desculpa inventa
Que é pra não ir trabalhar:
Catapora, reumatismo,
Dor de dente, calazar…

A mulher é uma santa
Que só vive a labutar
Não tem onde esconde a grana
Pro danado não achar

Ele também vira bicho
Só vendo a transformação:
Logo depois da primeira
E macaco é gozação

Quando já tá turbinado
É leão é valentão
Depois ronca como um porco
Esparramado pelo chão

Gente boa, meu colega
Vamos andar com atenção
Se na mão é arriscado
Ainda mais na contramão

Gato é grande pra rato
Mas pra onça é pequeno
A dose é que difere
O remédio do veneno

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