Chico Cesar
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Caracajus

Chico Cesar

Estado de poesia


A fruta em seus lábios
A alma saindo pela boca
Os lábios de sua fruta calma
Derramando em calda
A polpa

Apalpo muito pouco a pouco
Palpos dos sonhos mais loucos
Doce o caldo derramado deste engenho
Nunca dentes escorrido
Em gozo

Fogo na caldeira
Da usina
Fogo na caldeira
Sucos e melaços
Caracajus
Caracajus
Caracajus

Maracatus de baques vidrados
Dois becos que se cruzam
Ardis de amor e sua fogueiras
Quem afaga o fogo
O frio afoga em chama
Onda de calor surfa
Nos ondes de quem ama

Vela chama xamã velame
E a barca singra em mares de mim
Essa é a minha praia
Saia ao vento espero
Pastoro

D'uma duna avisto a canoa boa
Sinto o cheiro que vem de você
E de você que vem
Lança agora tua âncora
Bárbara
Como um piercing no meu peito
Feito lança de arpão

Estou de um jeito tão porto
E tu tão perto, navio
Lança a âncora e acampa
Semeia em meus campos
As tuas sementes
Rega com suor e gozo
O roçado novo em meus lábios
Sábios de seus beijos
Sequiosos
Secos de sua chuva
Obsequiosos

Fogo na caldeira
Da usina
Fogo na caldeira
Sucos e melaços
Caracajus
Caracajus
Caracajus

Estou em período fértil de ti
Vem comigo maruja
Marulhos marejam meus olhos
E o que vejo avulta
Preenche minha aldeia
Onde sou já terra alheia
A intuir e entoar
Cantos de receber
E dar

Fogo na caldeira
Da usina
Fogo na caldeira
Sucos e melaços
Caracajus
Caracajus
Caracajus

Composição: Chico César

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