De uns tempos pra cá eu tenho acordado Com falta de ar e o peito apertado As veias saltando, cabeça ardendo Coração batendo meio acelerado
Todos me diziam como bons amigos Isso é um perigo, pode ser fatal Me julgavam louco e muito estressado E fui internado em um hospital
O doutor formado que me consultou Assim me falou, vamos conversar O que te incomoda? Qual é o dilema? Fale o seu problema, vou tentar curar
Eu disse, doutor, eu tenho acordado Meio sufocado e tendo visões Num galpão de pouso o meu pai gritando Berrante tocando chamando os peões
Eu sinto o aroma do café coado Por mamãe socado no pilão de pau Do pão feito em casa, doces e bolinhos Do queijo fresquinho em cima do jirau
Madrugada fria bem no pé do morro Ouço o meu cachorro acoando a caça Ouço um urutau que me dá um arrepio E o bando de bugio gritando na quiçaça
O doutor me abraçou e chorou comigo Vá com Deus, amigo, e felicidade A suas visões e sintomas de louco É mal que o caboclo sente na cidade
Não existe ainda um santo remédio Que cure esse tédio porque na verdade Essas reações que parecem loucura É mal que não tem cura, maldita saudade Essas reações que parecem loucura É mal que não tem cura, maldita saudade