Antonio Nóbrega
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Desassombrado

Antonio Nóbrega

Na Pancada Do Gaz


Desassombrado,
Eu desassombrei.
Eu pensei que o malassombro
Fosse maior do que eu.

Ói, meus senhores,
Vou contar minha odisséia:
Viajei no pé da idéia
Prá tecer este cantar.

E galopando
No chitão de minha burra
Fiquei preso numa furna
Sem poder mais cavalgar.

Eu tive medo,
Vi tudo da cor da noite,
Um ente com uma foice
Querendo me degolar.

Eu me azouguei
E disse prá ele se tremer:
Mando-o pro diabo comer
Com farofa de embuá.

No outro dia,
A brazucã me apareceu,
Minha alma esrtemeceu,
Eu fiquei pra me acabar.

Aí pensei:
Me valei nossa senhora,
Não me leve nessa hora,
Ainda quero vadiar.

Devagarinho,
Fui ponteando a rabeca,
Me lembrei de minha terra
Pra eu me desanuviar.

E descancei!
Mas não pense que sou covarde,
Eu carrego um bacamarte,
Quando quero atiro, pá!

Corri as terras
No trote da caluzinha,
Não pensei que o mundo tinha
Tanta coisa pra ajeitar.

Fui à tchechenia,
Dei um pulo lá na china,
Estava na conchichina
Tentaram me despachar.

Mais viajando
Vi branco mulato negro,
Nas ruas de sarajevo
Vi o mundo se acabar.

Eu vi os jatos
Pelos céus fazendo zum...!
Ouvi as bombas, tebedum!
Os fuzis ta-ra-ta-tá!!!

E refreando
A pisada do meu trote
Vou findar o meu galope
Com os olhos na beira-mar.

Eu vi um anjo
No cordão das bonitezas
Me dizendo miudezas
Que era para eu sossegar.

Limpei a vista,
Sacudi o meu calvário.
Nas contas do meu rosário
Prossegui meu caminhar.

É manga-espada,
É manga-rosa, é manga-roxa.
Essa é minha trouxa,
Vou por aí desassombrar.

Composição: Antonio Nobrega

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