Aláfia
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Preto Cismado

Aláfia


Você diz desinfeliz
Que somos pretos cismados
Muito ensimesmados
Pro teu prisma mestiço
Você diz que racismo num é isso
Pasme, primo, mas quem cisma é
O estado
Você diz, mas aí, nem cisque pro
Nosso lado
Desta lista, nos risque
Disque pra outro pardo
Você diz desinfeliz
Que somos pretos cismados
Muito ensimesmados
Pro teu prisma mestiço
Você diz que racismo num é isso
Pasme, primo, mas quem cisma é
O estado
Você diz, mas aí, nem cisque pro
Nosso lado
Desta lista, nos risque
Disque pra outro pardo
Não posso acreditar que existe um
Deus que feche com a segregação
Não posso acreditar que existe um
Deus que feche com a segregação
Gênero, cor, religião
E todo dia toda hora outra treta se
Transforma em mais um que chegará
Para lutar
Que venham guerreiros guerreiras
De mira certeira
O alvo é um mundo onde possa se amar
Não vou arregar não vou me entregar
Se é o que eles querem vão ficar
No desejo
Sou forte, sou preto sou filho dos guetos
Dos reinos Savanas eu sou brasileiro
Eu vejo o descaso são mortes desprezo
Muleque que morre pra nós pesadelo
Pra eles noticia... Mais um que foi
Riscado pela policia!
Afaste seu racismo pra lá
Sua força e suas regras já não podem
Parar a revolução
Você diz
Que eu sou uma preta cismada
Que não ri da sua piada
Racista e machista
Diz que a minha dor não é nada
E acha até engraçada
Quer ser meu carma infeliz... Não não
Eu sou a voz encarnada
De todas essas quebradas
Onde a policia é juiz
Alvo marcado de giz
Alvejada. Quando não
Alvejante clareia tudo que eu fiz, né não?
Herança da escravidão
Apropriação te fez um jão
Que só enxerga o próprio umbigo
E vai falar que tem amigo negão
Mas quando encontra um na rua
Grita: perigo!
Ouça o que eu digo
Não é teoria
A falsa abolição que não me
Trouxe melhoria
Coisificam o meu corpo todo dia
Resisto, pobre, preta, periferia!
Feito a cena triste e violenta de um assalto
Me sinto rendido, vítima de mãos ao alto
Penso estar cercado, acuado... tô fudido!
Eu que sou lesado e visto como bandido
Olhos me espreitam, calculam meus movimentos
Fui sentenciado a viver feito detento
Sou espionado, vigiado, pelos cachorro grande
Firmo a cabeça pra que nada aqui desande
Meu pai caçador me falou dessa trilha
Me fez flechador pra enfrentar a guerrilha
Olho para os lados todo mundo quase cego
De cabeça baixa vão teclando sob o ego
Pra onde correr, escapar da injustiça?
Aqui não tem boi, eles querem carniça
Não rezo sua missa, meu instinto é selvagem
A fé que existe em mim, leva o nome de coragem
Você diz desinfeliz
Que somos pretos cismados
Muito ensimesmados pro teu prisma mestiço
Você diz que racismo num é isso
Pasme, primo mas quem cisma é o estado
Você diz, mas aí, nem cisque pro nosso lado
Desta lista, nos risque disque pra outro pardo
Não posso acreditar que existe um
Deus que feche com a segregação
Não posso acreditar que existe um
Deus que feche com a segregação
Gênero, cor, religião

Composição: Eduardo Brecho / Tassia Reis / Jairo Pereira

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