Agnaldo Timóteo

Dia das Mães

Agnaldo Timóteo

Obrigado, Mãe


Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer
E me viste sumir pela neblina
porque a sina das mães é esta sina
amar, cuidar, criar, depois... perder
Perder o filho é como achar a morte
Perder o filho quando, grande e forte
já podia ampará-la e compensá-la
Mas nesse instante uma mulher bonita
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la
Assim parti, e nos abençoaste
Fui esquecer o bem que me ensinaste
fui para o mundo me deseducar
E tu ficaste num silêncio frio
olhando o leito que eu deixei vazio
cantando uma cantiga de ninar
Hoje volto coberto de poeira
e tem encontro quietinha na cadeira
a cabeça pendida sobre o peito
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo
Quero acordar-te, mas não sei se devo
não sinto que me caiba este direito
O direito de dar-te este desgosto
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível
minha voz rouca murmurar: Sou eu! "
Eu bebi na taberna dos cretinos
eu brandi o punhal dos assassinos
eu andei pelo braço dos canalhas
Eu fui jogral em todas as comédias
eu fui vilão em todas as tragédias
eu fui covarde em todas as batalhas
Eu te esqueci: as mães são esquecidas
Vivi a vida, vivi muitas vidas
e só agora, quando chego ao fim
traído pela última esperança
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim
Não! Eu devo voltar, ser esquecido
Mas que foi? De repente ouço um ruído
a cadeira rangeu; é tarde agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços
rendendo graças, diz: "Meu filho! ", e chora
E chora e treme como fala e ri
e parece que Deus entrou aqui
em vez de o último dos condenados
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse
me limpasse de todos os pecados
Mãe! Nos teus braços eu me transfiguro
Lembro que fui criança, que fui puro
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!
Santa que eu fiz envelhecer sofrendo
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada
Dos mundos onde andei nada te trouxe
mas tu me olhas num olhar tão doce
que, nada tendo, não te falta nada
Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo
Por mais que o homem seja um mesquinho
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!

Composição: Giuseppe Ghiaroni

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