PRIMEIRA ESTÂNCIA Este é o meu desabafo contra esta sociedade Que na realidade se encontra numa obscuridade Porque o calor do amor que paira nesta cidade Encontra-se imundo neste mundo sem liberdade Onde o pensamento é dominado pela ilusão ? Cuja difusão transporta na porta da ignorância Que a distância vai formulando a desilusão Na mente que se conforta no enxoval da ganância Que ostenta e representa uma embarcação Onde muitos naufragam sem colete de salvação Mas ninguém aprende a lição depois de tantas caídas Porque a ilusão dá-te portas mas não dá-te saídas E com as decaídas a mente fica perplexa Num sistema cujo lema é uma vida complexa Que em seguida se anexa numa gloria tão vasta Aparentemente infinita mas com o tempo se gasta E quando se gasta nunca mais se devasta Porque a fama que se alastra depois se contrasta Numa contrastação que eu nunca me encargo Porque a árvore da ilusão dá um fruto amargo Que eu não pretendo comer nem que esteja faminto No escuro sem futuro dentro de um labirinto Onde obscuro e inseguro atropela o que sinto Com o prematuro e impuro senso do meu instinto
SEGUNDA ESTÂNCIA Neste ângulo muitos olham do lado adjacente Mas eu olho do oposto com uma visão transparente Que dá-me a lucidez sobre a fluidez da mentira Que no interior do corpo desta sociedade transpira ?E não me admira? quando dizem que eu sou estranho Porque apesar de eu ser ovelha eu não sou deste rebanho Onde as ovelhas brancas navegam perdidas no mundo Mas eu como ovelha negra fico no submundo A procura do profundo sentimento oriundo Do subsolo que me ampara do odor nauseabundo Que a sociedade liberta neste falso activismo Por ser a grande presa deste capitalismo Onde o humanismo se afoga na profunda distância Sempre que ela mergulha no mar da ignorância Onde a realidade não tem padrões monolíticos Por causa da relação entre ladrões e políticos Onde a necessidade do povo lá se retira Porque o dinheiro é o alvo que eles têm na mira E não há quem me transfira para um dos partidos O meu partido é a verdade que ninguém dá ouvidos E poucos são os indivíduos que idealizam o futuro De um modo seguro que eu nunca censuro Porque quem não pensa no futuro enquanto é presente É como alguém que nada no rio contra corrente
CORO: Este é o meu desabafo... Contra esta sociedade Que invade a grande imoralidade Este é o meu desabafo... Onde a banalidade Ganha a integridade da falsidade