Chora viola sentida, no braço do violeiro Chora sanfona xonada, nos braços do sanfoneiro Também chora o neguinho, debulhando no pandeiro Quem não chora é que não mama, é um ditado verdadeiro O motor chora na rampa e o porco no chiqueiro
Chora muito o lavrador, que o mantimento perderam Chora a dona de casa, porque os preços é um exagero Também chora pra verdura, freguesa do verdureiro Quem não chora é o preguiça, porque dorme o dia inteiro Se você pegar no duro, nunca vai faltar dinheiro
Chora o homem quando vê que casou com mulher feia Chora a mãe quando ela sabe que o filho tá na cadeia Também chora o malandro, quando apanha de correia Quem não chora é o cego, que não vê a coisa feia Se o homem for bem macho, não ponha brinco da orelha
Chora o dono do bar, só porque vendeu fiado Chora a moça solteirona, que perdeu o namorado Também chora a barata, quando ela cai no melado Quem não chora é o agiota, que seu juro é salgado Se não fosse o vinte e quatro, também não teria o veado
Chora o velho quando lembra o que era no passado Chora a velha quando vê, que tá tudo derrubado Também chora a viúva com o capital parado Quem não chora é a moçada que tá tudo liberado Se Deus fosse fazer conta, o mundo tinha acabado