No tempo que eu fui carreiro, no meu querido sertão Nos passos lentos dos bois, conhecia o estradão Saía de madrugada, pra de tardinha voltar Doze léguas da cidade, pro mantimento entregar Por causa de uma morena, tinha pressa de chegar Gritando o nome dos bois, cantando pra disfarçar Vai, vai boiada, levanta poeira do chão Puxando a carga pesada, machucando meu coração
Minha boiada carreira, todos bois forte e ligeiro Canário e fumaça no meio, na frente o Bordado e o Ponteiro A junta do cabeçalho, era o Segredo e o Estrelo Todos bois bem ensinado, trabalhava o ano inteiro O meu carro apodreceu, canga, canzil e tamoeiro Só ficou como lembrança, o nome dos bois carreiros Vai, vai boiada, levanta poeira do chão Puxando a carga pesada, machucando meu coração
Lenço branco na cabeça, minha mãe fazendo pão Meu pai chegando da roça, indo lá pro mangueirão Meu irmão de oito anos, vinha de catar pinhão Era uma vida sofrida, tudo pra nós tava bom Mas ainda valeu a pena, vivo de recordação Hoje eu pego na viola, canto a minha canção Vai, vai boiada, levanta poeira do chão Puxando a carga pesada, machucando meu coração Vai, vai boiada, levanta poeira do chão Puxando a carga pesada, machucando meu coração