Periferia Longe do centro das atenções Lutas, derrotas, vitórias Histórias, escoriações Paredes sem reboco, telhas de amianto Abrigam dádivas, dívidas e dúvidas Aqui num canto do Espírito Santo Meu acampamento Um deserto e seus ensinamentos Onde a correnteza leva corpos, escolhe negros Afoga planos e enche os olhos de ouro e pranto Um prato cheio e um posto vazio Convite luminoso e um final sombrio Caminhos que se cruzam Pessoas que se casam A esperança morrendo Gente esperando casa Burocracia e demora, e a vida vai embora Pobreza gera lucro e a vida vai embora A vida vai embora
Memória remanescente Descaso, Luz incandescente Ilumina a mesa de tecido verde Que nos contamina É a esquina que incrimina Menina mãe, carregando menina Pra cada treta que termina Mais duas se iniciam Comunidades não se diferenciam Obras sempre por terminar Configurações estruturais a se modificar Cada qual nem sempre no seu lugar Muitas mãos calejadas Entre tantas mãos leves Vidas que muito duram Outras vidas que são tão breves Recordações, migrações e enchentes úais, báhs e óchentes Genes que se misturam Pessoas que se devoram Somos eu, você, nós Nosso lar, nossa gente