A solidão me fascina Com seu jeito tão denso Me fazendo lembrar daquele céu tão sereno
E a tempestade piora Me deixando sem sono Deitado em um barco que navega ao vento
Mas meu barco naufragou E eu fui encontrar
No fundo do oceano Toda a paz e a alegria Que eu vivia a contar No decorrer dos tais dias E ao soltar cada bolha De ar que eu prendia Ficava um passo mais perto Do segredo da vida
A ao acordar já estava Na superfície A ao perguntar ninguém soube Responder o que eu disse Me deparei em um lugar Que não conhecia Estava perdido e sem Nenhuma companhia
Ao caminhar encontrei Uma menina chorando Sob o pé de cerejeira derramava o seu pranto
Segurou em minhas mãos E me contou uma história, Me contou a história do seu coração sangrando
Então enxuguei suas lágrimas E lhe disse no ouvido
Palavras doces e simples Do meu dia-a-dia Pus sua cabeça em meu ombro Pra lhe arrancar a agonia Já com a aparência melhor Me falou "Obrigado" E via verdade em seus olhos Mesmo que ainda acuados
Então um beijo nasceu No meio de um desespero E a mão fi moldando O seu encaixe perfeito Mas o soldados marchavam Pois já tinham um culpado Me arremessaram na jaula E então eu fui açoitado
Preso por um crime Que eu não cometi E que eu nem sequer fazia ideia do que se tratava
A menina tentaria Provar minha inocência Mas a sentença já havia sido decretada
E o chicote batia Dividindo minha carne
Quando o meu sangue caía Caía o seu choro também E cada vez que eu apanhava Me sentia tão bem Pois me lembrava da regra Regente do país Que diz que é proibido Qualquer um ser feliz
Na hora da minha morte A menina chorando E eu tentando acalma-la Pois era parte do plano Ela ficava chorando E eu partia tranquilo Pois sei que antes de ir Eu plantei um sorriso
E ele é só um começo Dessa reação em cadeia Que cria a revolução Nesse país da tristeza
Que desse dia em diante O sorriso passe a ser A marca de quem se negou A ver o outro sofrer