Era 20 de setembro De mil novecentos e quatro Nascia Francisco Antônio Um embolador de fato Filho de agricultor Sonhava em ser cantador Enquanto capinava o mato
Seu pai queria que estudasse Mas não era sua vocação Queria ser um coqueiro Fez um ganzá de latão Foi cantar coco na praça Fez o povo achar graça Era sua satisfação
Seu primeiro desafio Foi com o Nêgo Zé Fulô Chico Antônio deu uma pisa Nêgo nunca mais cantou Com uma arte inigualável Cativante e formidável Sua fama se espalhou
A convite de Antônio bento Do engenho bom jardim Chico Antônio foi cantar Pra uma figura sem fim E foi Mário de Andrade Que com toda felicidade Pode escrever assim:
?Sinto uma das comoções Mais formidáveis da vida? Mário de Andrade escreveu Não tem coisa parecida Na sua arte de cantar No seu jeito de embolar E na pessoa querida
tá no ?turista aprendiz? Tamanho deslumbramento Mário de Andrade a convite De cascudo e Antônio bento Conheceu o Chico Antônio Disse parecer um sonho Ouvir tanto sentimento Chico Antônio quando cantava Estremecia o lugar Circo de gente se formava Só pra ver ele embolar Ficavam a noite inteira Todo mundo de bobeira Na pancada do ganzá
Mário de Andrade se foi E Chico Antônio sumiu Mas continuou cantando No agreste do Brasil Enfrentou muitas peleja Por dinheiro, cana e cerveja Venceu todos os desafios
Chico foi redescoberto No ano de setenta e nove Por Deífilo Gurgel Folclorista dos melhores E foi homenageado Do governo bem tratado E o povo se comove
Junto com Paulírio velho Seu parceiro de cantar Gravou seu único disco No balanço do ganzá Ainda forte e viril Foi cantar no som Brasil A grande lenda potiguar
Chico Antônio de vila nova Eu vou dizer pra vocês Foi um herói de caráter Um coqueiro que Deus fez Sem ter igual nesse mundo Morreu em quinze de outubro Do ano de noventa e três.