Bichos criados ?cousa? linda na mangueira, Aperta a cola pra qual o mais gordito. Me dá uma mão p'ra pendurar lá na tronqueira, Depois sossega, eu carneio o bicho solito. Ponta de faca procurando o sangrador, Se abre a goela já me obrigo a soltar... Que ovelha é bicho protegido do Senhor, Depois que berra é um pecado matar.
?Garrear? as patas pra mim não é segredo, Risco de faca desde o queixo ao ?recavem?, E vou soqueando esse ?seis ou sete dedos?, Pelego Bueno pros arreios me convém. Abrir o bicho pra mim é sem demora. Fazendo a faca lamber o osso do peito, E vou sacando toda a buchada p'ra fora... Que o pior da lida eu já considero feito.
Sebo das tripas e o ?graxedo dos rins, É coisa buena pra canjica e o feijão. E um torresmo sendo gordito assim, Como enriquece uma ?gamela de rolão?. Só livro o ?fel? e manoteio as ?frussuras? Corto a cabeça e entrego p'ra gurizada; A tripa gorda e a ?coalheira? são frituras Que retemperam o chimarrão da madrugada.
Deixo o espinhaço pra uma canjica de trigo, E as costelas pra respingar no braseiro, Uma paleta pro rancho de cada amigo, Depois charqueio os quartos pro carreteiro. E desse jeito se carneia a ?caponada?, Lida buenacha, folclore do meu rincão. Quem cria pouco não costuma perder nada... E até as tripas se aproveita pra sabão.