Zulmar Benitez

Carneando

Zulmar Benitez


Bichos criados ?cousa? linda na mangueira,
Aperta a cola pra qual o mais gordito.
Me dá uma mão p'ra pendurar lá na tronqueira,
Depois sossega, eu carneio o bicho solito.
Ponta de faca procurando o sangrador,
Se abre a goela já me obrigo a soltar...
Que ovelha é bicho protegido do Senhor,
Depois que berra é um pecado matar.

?Garrear? as patas pra mim não é segredo,
Risco de faca desde o queixo ao ?recavem?,
E vou soqueando esse ?seis ou sete dedos?,
Pelego Bueno pros arreios me convém.
Abrir o bicho pra mim é sem demora.
Fazendo a faca lamber o osso do peito,
E vou sacando toda a buchada p'ra fora...
Que o pior da lida eu já considero feito.

Sebo das tripas e o ?graxedo dos rins,
É coisa buena pra canjica e o feijão.
E um torresmo sendo gordito assim,
Como enriquece uma ?gamela de rolão?.
Só livro o ?fel? e manoteio as ?frussuras?
Corto a cabeça e entrego p'ra gurizada;
A tripa gorda e a ?coalheira? são frituras
Que retemperam o chimarrão da madrugada.

Deixo o espinhaço pra uma canjica de trigo,
E as costelas pra respingar no braseiro,
Uma paleta pro rancho de cada amigo,
Depois charqueio os quartos pro carreteiro.
E desse jeito se carneia a ?caponada?,
Lida buenacha, folclore do meu rincão.
Quem cria pouco não costuma perder nada...
E até as tripas se aproveita pra sabão.

Composição: Severino Moreira e Zulmar Benitez

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