Triste vida de quem ama
Um amor que longe vai
A dor que no peito inflama
Pra mim tem sido demais

O meu coração reclama
Suspira mas não distrai
A minha voz que te chama
Da garganta já não sai

Ai, meu bem, vorte pra trás
O meu canarinho não canta mais
Parece que sente meus tristes ais

Canarinho dobradô
Disfarce a minha paixão
Cante pra esquecer a dor
Que eu trago no coração

Meu benzinho arretirô
Sem me dar satisfação
No meu rancho só ficô
Tristes ais, desilusão

Ai, meu bem, vorte a razão
O meu canarinho na solidão
Não aguenta mais a separação

Canarinho amarelo
Mostre a sua destreza
Venha cantar no castelo
Da minha rica princesa

Seu cantar era tão belo
Hoje só se vê tristeza
É com mágoas que eu revelo
Que a sua voz vive presa

Ai, meu bem, que marvadeza
É por teus capricho e tua beleza
Que me padece, eu tenho certeza

Numa fria madrugada
Canarinho emudeceu
Suas pena amarelada
Inté o brilho perdeu

Uma lágrima pingada
Dos seus zóinho correu
Era a saudade marvada
Que a sua vida venceu

Ai, meu bem desprezou eu
O meu canarinho tanto sofreu
Que o nosso amor pra mim já morreu

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)