Coisas de arte e engenho dum verão portenho que me fez relembrar Antigos tangos, boleros, um toque de Eros bulindo no ar Você sorrindo de graça num véu de fumaça, toda tão gazela E a gente troca o dia pela noite, a fantasia desbotada tem a cor de aquarela
Num céu de Marte e Vênus, nem mate ou nem menos foi a nossa paixão O fruto mais permitido, doce balido de uma canção A sua flor encarnada, sua boca molhada de tanto desejo Ainda te vejo pela Corrientes entre-dentes sussurrando versos de alta tensão
No choro alegre das ruas rolam nossas águas, rolam nossas máguas No azedume dos becos, botecos de esquina, o nosso medo é normal Dois pequeninos burgueses que se dão ao luxo da felicidade Sabendo que mais tarde ou mais cedo o tempo passa e o velho enredo é lixo de um carnaval
Os discos esparramados num quarto alugado de segunda classe A outra face da vida, a outra parte da história, o lado forte de nós Eu viro a última página e assino embaixo o nosso santo nome Adiós muchacha, companheira, amiga de aventuras e intriga, de fartura e fome.
Contribuição de: LAURO SOARES DE ALVARENGA São José dos Campos - SP