Rodrigo Leão

Vira-Lata

Rodrigo Leão


Dribla, corta-luz, em zigue-zague zanza,
caminhando sorrateiro, de esgueio, no esteio
dessa noite, dessa fome, desse veio sujo,
no espelho d'água refletindo o corpo feio,
a barriga encardida e engraçada
de tão magra, inchada, descadeirada,
ossos de baleia no couro curtido,
vivo e decidido. Segue sem sabare,
sem desejo e sem querer;
eterno porque está presente,
a gana do sobrevivente

Não deixe a rua te catar, te mudar, te matar.
Voe baixo como um vira-lata,
baixo como vira-lata, flutuando pelo ar.
Baixo como um vira-lata, baixo como um vira. (4x)

Vêm de lá, vêm de lá, nego falô:
"Vira-lata em Sampa santo era em outro lugar"
Vêm de lá, vêm de lá, vêm de lá, nego falô:
"Inzoneiro samba zanza, zanza pelo ar".

A rua atravessa o cão tão destraída,
a avenida segue quieta, perdida na batida:
cuspida, escarrada, surrada, fudida suja e maltrapilha,
só de ida e sem saída, todo mundo na avenida.
O nome é o distintivo que o mendigo não tem mais.
Já perdeu, tanto fez, tanto faz.
Nove vira-latas o mendigo tem:
cada vira-lata um nome diferente traz.
Dignidade traz. Dignidade traz.
Dignidade traz. Dignidade traz.
É preciso acreditar que a rua
não é simplesmente atravessar a rua.
Que existe algum lugar
pra se chegar, pra se sonhar

Não deixe a rua te mudar, te quebrar, te matar.
Voe baixo como um vira-lata, baixo como vira-lata
flutuando pelo ar.
Baixo como um vira-lata, baixo como um vira. (4x)

Vêm de lá, nego falô:
"Vira-lata em Sampa santo era em outro lugar"
Vêm de lá, vêm de lá, nego falô:
"Inzoneiro samba zanza, zanza pelo ar".

Composição: Rodrigo F. Leão

Letra enviada por Ana Paula

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