Pedro Ortaça

Meu Canto

Pedro Ortaça


No Meu canto nao escondo,
Vou dizendo de vereda,
Sou brasa de labareda
E ferrão de marrimbondo,
Desde que o mundo é redendo
Não tem esquina nem canto!
Amigos eu les garanto
Quando este mundo acabar,
Com certeza fai ficar
A verdade do meu canto!

Meu canto guarda o estilo
Das fontes de geografia
Quando o gaúcho nascia
Abarbarado e tranqüilo;
Meu canto é o canto do grilo,
Dos tempos de antigamente
Que pode ser estridente
Mas jamais ultrapassado,
Porque o cantor do passado
É o bebedor do presente!

Meu canto lembra o relincho
E sanga de pedregulho;
Meu canto lembra o mergulho
Da manada de capincho!
Meu canto evoca o bochincho
Quando o candeeiro se apaga,
Ali onde ninguém indaga,
Nem quem foi e nem quem é,
Se é crioulo de Bagé,
Santana ou São Luiz Gonzaga!

Canto que evoca o rodeio
E a ronda de uma tropeada
E a velha gaita acordada
Resmungando num floreio;
Canto que lembra o rio cheio
E a clarinada de um galo;
Canto que adoça o embalo
De uma xirua que implora
Que a gente não vá simbora
E desencilhe o cavalo...

Canto de lida e serviço
Cherando a chão de mangueira,
Sovado uma vida inteira,
Decerto mesmo por isso,
Concerva aquele feitiço
Que nós todos conhecemos,
Herança que recebemos
Não se compra e não se vende,
Por isso o povo me entende,
E todos nos entendemos'!

Há os que condenam meu canto
De cousas que ja passaram,
Dizem que muitos cantaram
E chega de cantar tanto,
Contra isso eu me levanto
Sem procurar desafetos
Não se apagam os decretos
Heranças de todos nós
Não vou matar meus avós
Pra ficar de bem com os netos!

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