De que valeu ser preso a um tempo
Navegar em águas passadas
Se o que era pesadelo, renova e torna piada
E a vida que salva, trai... o tempo que leva, traz
Palavras da boca pra fora não confortam mais
Eu me restringi à amargura da cena
Vi que a maior pena é ser digno de pena
De que vale sofrer o que eu sofrer, perder o que eu perdi?
Viver em função do ódio e não sorrir?
Era solitário, lamentava o que não tinha
Achei a deusa que me deu a honra de ser minha
De que valeu não preservar quem se importava?
Hoje sinto falta do telefone que perturbava
Me rendi à eterna trama sem final
Me apoiei e busquei consolo em quem queria mal
O filme da vida, como roupa, virou talho
Lapidei o meu roteiro e só no fim vi que era falho

De que valeu me perder no próprio espaço?
Me arrepender e ter medo de dar o primeiro passo?
Quero perdão de quem eu errei, paz com quem guerreei
Sei que eu me limitei

Com a segunda chance, vi que nunca é tarde
Vi que quando me sentia herói, eu era só um covarde
Na arquitetura de um sonho, fazemos a planta
Pena que às vezes esse sonho te corta a garganta
Pior do que não ter pernas, é não usa-las
O que seria música sem ter amor ao cantá-la?
De que vale sortear a paz num jogo passageiro?
Meu maior inimigo fui eu entregue ao desespero
Só quero perdão de deus, amigos e minha família
Da minha linda que me pôs de volta nessa trilha
De que valeu o ódio que me foi imposto?
Não aguento mais sentir a lágrima escorrer no rosto
De que vale sobreviver?
Eu aprendo e escrevo sobre viver
Com meu despertar em cada verso sei o que fazer
Quem diria que a guerrilha eu mesmo ia combater

De que valeu me perder no próprio espaço?
Me arrepender e ter medo de dar o primeiro passo?
Quero perdão de quem eu errei, paz com quem guerreei
Sei que eu me limitei