DEUS! Autor: ONILDO BARBOSA Como poeta, analiso Descrevo e transformo em verso Que cada lugar que piso É parte de um universo Sinto na luz dos meus olhos, A flacidez dos abrolhos Céu distante, mar , profundo, Da terra esfera suspensa Deus marca sua presença Em tudo que há no mundo
Conhecê-lo não eu não conheço Visitá-lo eu nunca pude Mas ele é o endereço Que nos conduz à virtude Deus, é poder invisível, Abstrato, indescritível Difícil de entender Do catedrático ao anônimo Em tudo está o sinônimo Do seu imenso poder.
Deus está na nossa mente Na forma que a gente pensa Nas coisas que a gente sente De acordo a nossa crença Deus é a luz que aparece Na hora que amanhece Prá nos trazer alegria, Embelezando a aurora, Quando a noite vai embora Dando vida ao novo dia.
Deus orienta o inculto Com força e perseverança Dá paciência ao adulto Prá conduzir a criança Deus está na flor cheirosa Na planta leguminosa Que alimenta a nação, No vento, na noite cálida, No rosto da lua pálida Que embeleza o sertão.
Deus está mo movimento Dos animais na floresta Nas aves fazendo festa No seu acasalamento- Na fruta que cai do cacho Na fêmea que trai o macho Na pétala que trás o brilho Está na anciã do quarto Confortando a dor do parto Do ventre que gera o filho.
Deus está na melodia Do sabiá laranjeira Na fonte de água fria No grito da lavandeira. No veneno da serpente No germinar da semente No mel que tem na resina, Na ciência da fragrância, Na raiz, na substância No saber da medicina.
Deus está no mel da cana Que produz a rapadura Na casca da umburana No vapor da terra dura Na plumagem da arara No fruto da ciçara, Na flor do mandacaru No espinhal do abismo Na beleza e romantismo Da voz do wirapuru.
Deus está por sua vez No calor da sequidão, Na lágrima do camponês Que chora a falta de pão Deus tá presente na dor Na angústia no amor No lamento dos plebeus Deus está sempre de pé, Prá dar um pouco de fé, A quem não conhece Deus.
Deus se encontra no pistilo Da flor do maracujá No casco do crocodilo Na pena do tangará Deus é a água da chuva, O mel da poupa da uva Que serve de vitamina, É o ouro derretido Do vulcão adormecido Que está no centro da mina.
Deus está na plenitude Do sorriso da criança No vigor da juventude E na velhice que criança Na obediência do filho Tás na boneca de milho Com seus cabelos compridos, Tá riqueza da alma Na paciência e na calma Dos menos favorecidos.
Deus está na translação Da terra em seu movimento Na força do furacão, Na tempestade, no vento, Está nos bosques sombrios Na confluência dos rios, Na aridez do calcário, Está no deserto enorme No beduíno que dorme NO passo do dromedário.
Deus está na construção Do João de barro engenhoso Na plumagem do pavão, Elegante e vaidoso Na relação conjugal, No ato sexual Quando a libido é pura, Sem químicas nem alcalóides Milhões de espermatozóides Gerando uma criatura.
Deus está entre os rochedos Nas estradas poeirentas Nas nebulosas cinzentas Nos alcantis e lajedos Deus tá na fauna, na flora, Na araponga que mora No mais alto da montanha Nos arbustos aromáticos Nos pontos enigmáticos Dos tecidos da aranha.
Deus é a única razão Da nossa sobrevivência O pulsar do coração, A voz, a inteligência Não sou nenhum pregador Não sou padre, nem pastor Não me entrego ao cansaço Sem religião, nem crença Sinto de deus a presença Em cada coisa que faço.