Não podemos negar que o rock já viveu tempos mais gloriosos. É fato que no Brasil, e mesmo nos EUA, o estilo desapareceu do mainstream - basta uma olhada nas primeiras posições das paradas de sucesso, ou listas das mais ouvidas no streaming e YouTube para ver que é difícil encontrar a velha formação "guitarra-baixo-bateria" presente.

O Reino Unido não é exatamente o último porto de segurança do estilo. A parada de singles deles também é dominada por nomes do pop, dance music e hip-hop, mas, por se tratar de um mercado menor e com um público bastante fiel, daquele que ainda compra os discos dos artistas que mais lhes agradam, de preferência em vinil, observa-se uma maior penetração do rock no top 100 do país.

Conheça abaixo cinco artistas cujos trabalhos mais recentes chegaram no topo da parada britânica, ou ficaram muito próximos do número 1.


"Blue Weekend" - Wolf Alice
Wolf Alice

Das bandas recentes mais queridas do Reino Unido, o quarteto liderado por
Ellie Rowsell já havia "batido na trave" por duas vezes, ficando no segundo lugar. Agora, eles finalmente chegaram ao número 1 com o ótimo "Blue Weekend", que merece levá-los mais longe em termos de sucesso global.

Confira o clipe de The Beach II" que acaba de ser lançado:



"Typhoons" - Royal Blood
Royal Blood

Mais um terceiro álbum que também chegou no primeiro lugar, mas no caso da dupla, eles já haviam conseguido o feito também nas outras duas ocasiões. A surpresa aqui foi ver Mike Kerr e Ben Thatcher expandindo a sua sonoridade, trazendo novas influências e uma instrumentação mais variada para o seu rock pesado e visceral. "Typhoons" é aquele disco de rock que também é extremamente dançante.

Veja o clipe de "Oblivion", liberado na semana passada:



"Fat Pop (Volume. 1)" - Paul Weller
Paul Weller

Uma verdadeira instituição britânica, onde é tratado com o mesmo respeito e fervor emocional dedicado aos maiores nomes do rock, Paul Weller poderia fazer como a maioria dos artistas que já passaram dos 40 anos de estrada e lançar um disco a cada cinco, ou mais anos, e se dedicar a tocar seus sucessos ao vivo. Mas não é assim que o ex-líder do The Jam (e Style Council) opera. "Fat Pop (Volume 1)" é o 16° trabalho dele e o sétimo a sair nos últimos 11 anos, e foi gravado durante a pandemia quando ele viu que não poderia sair em turnê.

Como o nome indica, ele é um disco mais leve, com uma pegada retrô - a soul music é uma influência forte - e traz composições escritas como compactos em potencial, ainda que ele saiba que, atualmente, não haja mais espaço para o tipo de material desse tipo na lista dos singles mais populares. No ranking de álbuns, a conversa é diferente e o trabalho, assim como "On Sunset" do ano passado, estreou no número 1.

Esse vídeo tem performances ao vivo (em estúdio) de cinco músicas do trabalho:



"For The First Time" - Black Country New Road

Segundo a revista Mojo eles são a melhor nova banda do Reino Unido. E ao se ouvir a surpreendente estreia deste jovem septeto - a média de idade é de apenas 22 anos - é fácil ver que, ao menos desta vez, não se trata do típico exagero de jornalista inglês.

O som do BCNR é único e foge totalmente do pop, com muita influência de pós-punk, do lado mais casca grossa do rock progressivo - King Crimson em particular - e de bandas identificadas com o pós-rock (o Slint é referência assumida).

"For The First Time" tem algumas canções instrumentais e músicas onde se destacam os vocais falados/gritados de Isaac Wood. Como se não bastasse, eles ainda contam com uma violinista e um saxofonista na formação.

Mesmo com essa fórmula nada comum, eles chegaram ao quarto lugar da parada com este disco que os coloca ao lado de outras bandas, como oBlack Midi e Fountaines DC, que estão conseguindo penetrar no mainstream mesmo com uma música bem fora dos padrões.

Veja eles tocarem "Athens, France"



"Coral Island" - The Coral

Estava sentindo falta "daquele" rock inglês? Com influência de Beatles e psicodelia e melodias que dão vontade de aprender a letra para cantar junto? Então este disco é para você.

O The Coral está longe de ser uma novidade. Este é o décimo disco deles em quase duas décadas. O que surpreende é vê-los ainda na ativa, ao contrário de quase todos seus colegas de geração, e em tão boa forma. Basta dizer que este pode muito bem ser o melhor trabalho deles até hoje.

"Coral Island" é um disco ambicioso. São 24 faixas, divididas em duas partes, com interlúdios narrados e um conceito a amarrá-lo - ele conta a história da cidade fictícia que lhe dá nome. Ou seja, é aquele trabalho que poderia facilmente ter sucumbido ao seu peso.

Felizmente, o líder James Skelly estava bastante inspirado e tinha canções para bancar tamanho projeto. O resultado foi um álbum que ganhou elogios unânimes e ainda ficou no segundo lugar da parada.

Ouça "Change Your Mind"