Coldplay - A Head Full Of Dreams
Coldplay
Coldplay A Head Full Of Dreams
O Coldplay é uma banda surpreendentemente prolífica para um grupo que despontou no final dos anos 90. Ainda que muitos críticos e fãs de rock tenham reservas quanto ao quarteto, não se pode negar que eles conseguem inovar em seu som, ao mesmo tempo em que mantém as suas características básicas.

Este sétimo álbum sai apenas um ano depois de "Ghost Stories", apesar disso, os discos são bem diferentes entre si. Se o trabalho anterior era quase sempre soturno e melancólico, esse se mostra bem mais efusivo e animado.

O resultado é um trabalho interessante, com surpreendentes desvios de rota - como as levadas funkeadas da faixa título e de "Adventure Of A Lifetime", ambas entre as melhores lançadas por eles em tempos recentes.

Coldplay
"A Head..." também tem as baladas de clima épico, músicas com refrãos cheios de "O O O" para o público cantar junto nos shows e momentos mais experimentais como "Kaleidoscope", com Barack Obama fazendo "featuring" (um discurso do presidente americano foi usado na faixa).

Mas o melhor mesmo ficou para o final. "Up&Up" é a provável melhor música do álbum, especialmente quando a batida hip hop e o vocal melancólico de Chris Martin dão lugar a um refrão luminoso daqueles que você tem a impressão de conhecer há anos ainda que tenha acabado de escutá-lo pela primeira vez. É o tipo de música com cara de que irá se tornar um dos momentos chave das concertos da banda daqui em diante.

Ouça "Adventure Of A Lifetime" com o Coldplay presente em "A Head Full Of Dreams"





Bruce Springsteen - The Ties That Bind
Bruce Springsteen
Bruce Springsteen The Ties That Bind
Um presentinho para fã nenhum do "Boss" botar defeito. Esse caixote nos EUA está custando quase R$ 400,00 (aqui com impostos, fretes e taxas deve ficar por quase o dobro disso), mas ele é uma beleza ao trazer quatro CDs e mais dois Blu-rays que esmiúçam a criação de "The River" (1980) um dos melhores discos de Bruce.

Os dois primeiros CDs do pacote trazem o álbum original em versão remasterizada e ele continua atual e emocionante ao fazer uma síntese dos "vários Bruces" - o rockstar, o folk singer que canta as mazelas dos americanos e o entusiasta do pop e rock dos anos 50 e 60.

A história do disco é curiosa. Em 1979 Springsteen iria lançar um disco chamado "The Ties That bind", quando soube que o Clash iria botar um álbum duplo nas lojas. Bruce então bateu na gravadora e disse que se o quarteto britânico podia, ele também queria fazer o mesmo. A CBS concordou e assim ele retornou ao estúdio.

Bruce Springsteen
Aqui, pela primeira vez, no terceiro CD da caixa, podemos ouvir pela primeira vez o álbum que nunca existiu. Ele tem muitos pontos em comum com "The River", mas algumas músicas acabaram saindo e outras foram regravadas.

Mais interessante é ver que esse seria um trabalho bem menos animado - ainda que "Hungry Heart" - o primeiro hit single "de verdade" de sua carreira já estivesse aqui.

O verdadeiro tesouro do caixote está mesmo no quarto disco. Outras 22 faixas que foram gravadas para o álbum mas ficaram de fora. Sim, "The River" podia facilmente ter sido um disco triplo, quádruplo ou quíntuplo - por incrível que pareça o "chefe" tem ainda mais músicas dessas sessões que nem aqui foram incluídas. Mais incrível ainda é a qualidade desses outtakes - quase todos poderiam estar no álbum original.

Bruce Springsteen
Essa informação serve para mostrar que "The River" então não é exatamente o típico álbum duplo. Aqueles que quando o artista se via com mais músicas do que o permitido e, não conseguindo deixar nada de fora, lançava todo o material, mesmo que nem tudo fosse de qualidade inegável. Agora está claro que todas as canções que entraram em "The River" tinham um bom motivo para tal.

"The Ties That Bind" tem ainda a íntegra de um show da "The River Tour" - e, como todo fã sabe, Bruce é ótimo em disco mas é no palco que ele de fato se revela - e um documentário feito recentemente sobre as gravações deste icônico trabalho.

Resumindo, um pacote caro sim, mas imprescindível (para os menos abonados vale dizer que o box está disponível para audição nos serviços de streaming e que alguns trechos do DVD/Blu-ray estão no Vevo).

Ouça "Out In The Street" ao vivo presente no DVD que está em "The Ties That Bind"





Fleetwood Mac - Tusk
Fleetwood Mac
Fleetwood Mac Tusk
Encerramos esse especial - o último de 2015 - com mais um relançamento que retorna ás lojas em uma apetitosa edição de luxo.

"Tusk" foi o álbum (duplo) que o Fleetwood Mac escolheu lançar como sucessor de "Rumours" (1977), aquele que ainda hoje é um dos dez discos mais vendidos da história.

Era de se esperar que o quinteto lançasse simplesmente uma nova versão de seu disco de sucesso. Até porque eles eram um grupo mainstream e ninguém esperava nada deles além de boas canções radiofônicas.

Bom, o público da banda até teve um pouco do que esperava, mas em quantidades bem limitadas. "Tusk" é quase que um disco experimental, e o grande responsável por isso foi o guitarrista Lyndsay Buckingham que na época estava pirando com as bandas mais radicais do pós-punk inglês.

Fleetwood Mac
É por isso que o disco tem um som claustrofóbico e estranho - ao menos para uma "banda de FM" - ainda que o pop luminoso que marcou a banda também apareça bastante - geralmente nas composições de Stevie Nicks e Christine McVie - o que faz do trabalho uma espécie de "bicho de três cabeças". Ele também foi considerado o álbum mais caro já gravado até então - o quinteto torrou cerca de 1 milhão de dólares para fazê-lo

Se você não conhece essa fase do FM - a banda começou tocando blues e passou por várias formações antes de atingir o mega-estrelato - o melhor mesmo é conhecer "Rumours" e o álbum homônimo anterior de 1975, para aí sim entender melhor "Tusk".

Fleetwood Mac
Já os fãs do disco poderão curti-lo agora uma infinidade de extras - demos, outtakes e até uma versão completa dele feita com takes alternativos (alguns deles já tinham saído em uma edição especial do álbum lançado na década passada).

Além disso, dois CDs com material ao vivo inédito também estão no pacote.

"Tusk" é um caso raro, um álbum que vendeu 4 milhões de cópias e ainda assim foi considerado um fracasso de vendas pela gravadora - para quem tinha acabado de vender mais de 10 milhões não deixa de ser. Por outro lado, ele serviu para mostrar que o Mac era uma banda inteligente e que não via problema em assumir riscos, mesmo que isso pudesse lhes custar a carreira. De quebra eles ainda acabaram com um dos discos mais interessantes do período que hoje já goza do status de clássico.

Veja o vídeo original de "Tusk" presente no álbum de mesmo nome do Fleetwood Mac