Depois de Travis Barker e Mark Hoppus cederem entrevista à Rolling Stone americana contando o que está acontecendo com o blink-182, Tom DeLonge resolveu contar seu lado da história.

Em uma longa carta aberta publicada no Facebook, o músico fala sobre os primórdios do blink-182, quando ensaiavam na garagem de sua casa, e como sempre foi dedicado à banda, apesar do afastamento dos integrantes ao longo dos anos que acabou culminando na situação em que chegaram hoje.

Leia abaixo a íntegra da carta:

"Por onde começar? A verdade é sempre um ótimo lugar. Vamos por aí.

Eu amo o blink e sou incrivelmente grato por tê-lo em minha vida. Ele me deu tudo. TUDO. Eu comecei essa banda na minha garagem, onde sonhava apesar das dificuldades.

Então, o que estive fazendo nos bastidores? Bem, eu tentei fazer as coisas darem certo. Tentei ajudar essa banda de umas 50 maneiras diferentes, usando meu pessoal ou o pessoal de outros e até pessoas que nem conhecia. Tentei levar adiante ideias de como poderíamos crescer e desafiar a nós mesmos a sermos uma banda melhor. Não sou do tipo que fica sentado esperando alguém fazer o trabalho.

A grande reviravolta foi quando tentei organizar um encontro em Utah onde conversaríamos e resolveríamos as coisas. Rapidamente, isso foi reduzido a uma conversa de três horas no camarim de alguém num cassino fuleiro. O que eu esperava que fosse um encontro positivo longe de tudo virou uma reunião estranha num camarim fedido. Mas foi lá que contei para o Mark e Travis que, contanto que conversássemos e as coisas estivessem boas entre nós como amigos de verdade, eu me dedicaria e trabalharia apaixonadamente. Eu venero nosso relacionamento pessoal.

Então, o EP foi o teste. Meses depois, estávamos gravando essas músicas. Eu fiquei no estúdio por dois meses e eles apareceram por uns 11 dias. Não me importo de carregar o fardo, mas todos tínhamos concordados em dar 100% de si. E dessa vez, sem trazer coisas de fora. Apesar disso, conseguimos de alguma forma nos auto-sabotarmos.

Num determinado ponto, discussões e políticas nos forçaram a cancelar o EP num momento que 60 mil fãs estavam tentando comprá-lo. E isso acabou comigo. Estava tentando tanto, mas aquele momento acabou destruindo meu espírito. Eu então percebi que essa banda não conseguiria perder os anos de falta de vontade.

Foi depois desse episódio que eu prometi a mim mesmo nunca mais ficar naquela posição de novo, depender das palavras que dizemos um para o outro. Me lembro de perguntar para um deles no telefone: 'Você deu seu melhor, como tínhamos concordado?'. Ele ficou em silêncio. A culpa é deles? A culpa é minha? Claro que sim.

Mas nós somos em três. Todos temos responsabilidade. No fim do dia, sempre funcionamos de forma disfuncional, por isso ficamos sem conversar durante meses. Mas nós nunca fomos de conversar. Nos oito anos que estivemos juntos, sempre foi assim.

Nos últimos dois anos e meio, enquanto um colega estava sendo sondado para a gravação do disco do Blink, eu lancei uma empresa de mídia. Lancei um disco do Angels & Airwaves e como alguns de vocês sabem, tem muito mais coisas chegando. Quadrinhos, livros, um filme, etc. Os livros virão com música. Essa é uma engrenagem que já está rodando. Então vocês podem imaginar minha frustração quando foi me dado um contrato de 60 páginas do Blink dizendo que não poderia lançar um disco do Angels pelos próximos nove meses e que o disco do Blink teria que ser gravado em seis meses, o que era impossível para mim. Fazendo isso, me obrigaria a quebrar contratos com vários artistas, autores, animadores gráficos, muitas pessoas.

Eventualmente, eles liberaram o disco do Angels, mas a parte de terminar o disco do Blink em seis meses permaneceu. Todos os outros projetos que eu estava trabalhando tinham contratos. Não podia simplesmente rompê-los e acabar com anos de desenvolvimento, parcerias e compromissos num estalar de dedos.

Eu disse para o meu empresário que eu faria o Blink-182 contanto que fosse divertido e funcionasse com os outros compromissos da minha vida, incluindo minha família. Mas o Mark e Travis já sabiam de tudo isso.

Eu escrevi essa mesma carta para seus empresários um ano atrás. Mas isso começou uma discussão imensa, a maior até agora. Eu só queria que todos fizéssemos as coisas com que concordamos. Mas aquele foi o momento deles de contestar. Do ponto de vista deles, eu estava controlando tudo. Na realidade, estava com medo de me jogar na mesma situação, de repetir a experiência do EP.

Também escrevi tudo isso para os empresários deles em dezembro (que me disseram que meus colegas de banda não estavam com raiva e concordaram com algumas das minhas ideias para fazer a banda crescer).

Então, imaginem minha surpresa quando uma nota de imprensa saiu ontem, sem meu conhecimento, falando sobre o futuro da banda. Aquilo foi novidade para mim. Não é da minha natureza gerar mais negatividade sobre o legado dessa banda num lugar tão baixo quanto a internet.

Mas acho que isso é só mais um exemplo de como me diferencio dos outros. Eu sigo a luz. Sigo a paixão e faço arte. Eu passeio com meu filho, minha filha e minha esposa. No fim do dia, tudo isso me deixa triste de verdade. Triste por nós. Triste por vocês, que testemunharam nossa imaturidade.

Eu conheço eles muito bem e sei que suas ações do momento são defensivas e separatórias. Eu suponho que eles estejam fazendo isso para se protegerem de se magoarem, como todos nós fazemos. E mesmo vendo eles agindo de forma tão diferente do que conheço deles, eu ainda me importo muito com eles. Como irmãos e como velhos amigos. Mas nossa relação foi envenenada ontem. Nunca planejei desistir, só acho difícil para caramba me comprometer."


Apesar do momento delicado, Mark e Travis declaram que continuarão com a agenda da banda e anunciaram Matt Skiba, do Alkaline Trio, como o substituto dos shows marcados para março.

Confira as letras, traduções e muito mais do blink-182 no Vagalume.