Gerard Way - Hesitant Alien
Gerard Way
Gerard Way Hesitant Alien
O início de uma carreira solo depois de ter feito parte de uma banda famosa é sempre difícil. Afinal é preciso basicamente partir quase que do zero, só que desta vez sem a oportunidade de poder arriscar até que o seu som finalmente seja encontrado.

Quando sua função era a de vocalista da banda, tudo isso se complica ainda mais. Afinal todos os fãs de sua banda estão prestando atenção, e aí surgem os dilemas. O que fazer? Mudar completamente de som e criar uma nova persona? Ou será que o melhor é não fugir muito do seu estilo?

É bem provável que essas questões tenham passado pela cabeça de Gerard Way, o ex-vocalista do My Chemical Romance. E se foi esse o caso, já podemos de falar que ele conseguiu se sair muito bem dessa "enrascada".

Gerard Way
Em "Hesitant Alien" , Way não renega o seu passado - as canções épicas e o lado punk estão aqui. Mas o disco também mostra que ele é um grande fã do glam rock dos anos 70 e do britpop da década de 90.

Dessa forma, Way conseguiu criar uma estreia solo, ao menos conceitualmente, perfeita. O disco tem tudo para agradar o público que sente saudades de sua antiga banda, ao mesmo tempo em que traz elementos novos o bastante para cativar tanto quem não gostava muito do MCR quanto quem sequer os ouviu.

Ah sim, o álbum também traz "Drugstore Perfume", uma balada inspiradíssima. Comparável às melhores canções escritas por Noel Gallagher para o Oasis ela é daquelas faixas que já valem por quase todo o álbum.

Ouça "No Shows" com Gerard Way presente no álbum "Hesitant Alien":





Thom Yorke - Tomorrow's Modern Boxes
Thom Yorke
Thom Yorke Tomorrow's Modern Boxes
Parece que chegamos em um momento em que para certos artistas não basta simplesmente lançar um disco, mas sim como e em que circunstâncias disponibilizá-los.

Depois de Beyoncé que lançou de surpresa e sem anúncio, um dos discos mais aguardados do ano passado e do U2 que "presenteou" todos os usuários do iTunes com o recém-lançado "Songs Of Innocence", agora foi a vez de Thom Yorke lançar um disco através do site de compartilhamento de dados BitTorrent.

Não que lançar um disco de forma inusitada seja novidade para ele. É só lembrar o que o Radiohead - a sua banda principal - fez com "In Rainbows" em 2007, ao liberar o download do disco na base do "pague quanto quiser". Desta vez Yorke fez diferente. Atrvés do site de forma gratuita o single "A Brain In a Bottle" e seu respectivo vídeo, ou por cerca de R$15, o álbum completo.

Thom Yorke letras
O projeto, segundo ele, é uma espécie de "experimento" para ver se ainda é possível para os criadores terem alguma espécie de controle sobre a venda de suas obras no mundo online, cada vez mais dominado por algumas poucas megaempresas.

Dito isso vale dizer que "Tomorrow's Modern Boxes" é um álbum típico do cantor. Ou seja, não esperem faixas fáceis e nem um retorno ao pop que ele praticava com o Radiohead até meados dos anos 90.

Já quem curte música com uma pegada mais experimental, sem aquela preocupação com refrão, "pegada, ou em ser dançante, certamente irá curtir essas oito faixas intrincadas e um tanto estranhas. Pode não ser para todos os públicos, mas é ótimo saber que ainda termos pessoas que tentam fazer com que a música pop saia de sua zona de conforto tanto em seu lado artístico quanto no comercial.

Ouça "A Brain In a Bottle" com Thom Yorke do álbum "Tomorrow's Modern Boxes"





Prince - Art Official Age e PLECTRUMELECTRUM
Prince
Prince Art Official Age
Muitos jovens não devem saber, mas houve um momento em que Prince foi de fato o rei do pop (e, por que não, da música em geral). Há exatos 30 anos ele estourou com o álbum e filme "Purple Rain" que ganhou 13 discos de platina e ainda lhe garantiu um Oscar (de "melhor trilha sonora de canções") no ano seguinte.

Para completar, ele ainda era senhor absoluto de sua obra, já que ele compunha, produzia e, se quisesse, podia tocar ele mesmo todos os instrumentos em seus discos. Não a toa tinha crítico que o chamava de "Mozart do século 20".

Curiosamente, o que acabou se tornando seu maior problema, na época era encarado como uma qualidade: a sua enorme facilidade para compor, o que resultava em álbuns anuais - muitos deles duplos. Dessa forma, enquanto o mundo ainda ouvia "Purple Rain" - e os astros pop começaram a espaçar cada vez mais seus lançamentos - ele rapidamente soltou outro disco e, pouco depois, mais um.

Até 1987 - ano do fundamental "Sign O The Times" tudo correu bem. Ainda que nunca mais tenha tido um megassucesso como "Purple Rain", ele ainda emplacava singles nas paradas com frequência, ganhava discos de ouro e platina e tinha toda a crítica a seu favor.

Prince
Prince PLECTRUMELECTRUM
Mas, pouco a pouco, a situação mudou. O ápice desse momento se deu na primeira metade dos anos 90 quando ele publicamente começou a brigar com a Warner.

Ele reclamava que sua gravadora não o deixava lançar a quantidade de discos que ele queria, alegando que era impossível divulgá-los de forma correta.

Foi quando ele trocou seu nome por um símbolo impronunciável e passou a lançar discos que apenas os seus fãs mais dedicados ouviam, independente da qualidade de vários deles.

Avançando no tempo, chegamos agora a 2014, e Prince vive talvez um de seus melhores períodos desde os anos 80. Seus shows estão cada vez mais elogiados e sente-se que a imprensa está pronta para voltar a bajulá-lo como há tempos não se via. para completar, até um contrato de distribuição com a Warner ele assinou. A expectiva por um novo disco - o primeiro em quatro anos - é enorme e o que ele decide fazer? Lançar dois discos ao mesmo tempo.

Prince
Pode parecer maluquice, mas ao se escutar os dois trabalhos a decisão do artista faz todo o sentido. Isso porque "Art Official Age" e "PLECTRUMELECTRUM" são muito diferentes entre si e deverão atender a públicos diferentes.

Ou seja, não daria para ele simplesmente pegar o melhor desse material e colocar em um só trabalho, porque isso seria simplesmente impossível.

"Art Official Age" é o mais experimental da dobradinha, trazendo o tal "funk futurista" que o celebrizou. Quer dizer nos anos 80 ele até era "futurista", já que mais de 30 anos depois podemos dizer que o resto do mundo pop o alcançou (vide o sucesso de Pharrell um artista influenciado por ele e que mesmo assim não soa retrô). Para quem curte black music e o lado mais experimental do músico esse é o álbum mais indicado.

Prince
Prince Prince com as garotas do 3rdeyegirl
"PLECTRUMELECTRUM", enquanto isso, é um disco divertidíssimo. Gravado com o 3rdeyegirl - o trio de garotas que está o acompanhando em seus shows atuais, ele mostra que Prince também sabe fazer rock, soul, funk e pop inspiradíssimo e de impacto imediato. Por isso mesmo é capaz que ele acabe fazendo mais sucesso.

No final das contas, o melhor mesmo é ouvir os discos e escolher as suas favoritas. Ainda que ambos tenham momentos menores, eles se mostram ótimos trabalhos no conjunto. Restando agora ver como o público irá receber os lançamentos.

Ouça "Funknroll" com Prince. A faixa está presente em PLECTRUMELECTRUM" e, em forma remixada, em "Art Official Age"