Final de ano é época de listas, e praticamente todas as publicações mais importantes do planeta já divulgaram aqueles que eles acreditam ser os grandes discos de 2013.

Nesse texto nós juntamos alguns dos álbuns que mais marcaram presença nessas listas, que costumam ter 50 discos, e tentamos chegar no que seria uma espécie de "consenso" da imprensa internacional.

Arctic Monkeys
Arctic Monkeys Arctic Monkeys
Para chegarmos nesse tal consenso, foram cruzadas as listas feitas por quatro das maiores e mais influentes publicações musicais do Reino Unido (Q, NME, Mojo e Uncut) e por duas norte-americanas (Rolling Stone e Spin).

Os álbuns que ficaram em primeiro lugar em ao menos uma delas, estão em destaque nesse texto. Ao final falamos também outros discos que entraram em todas as listagens e outros que figuraram em pelo menos cinco delas.

O que temos aqui é apenas um resumo, mas ele dá uma boa ideia de quais foram os discos que os formadores de opinião mais gostaram em 2013 de forma unânime. Como a lista inclui discos dos mais diversos gêneros, ela também serve para que o fã de música possa saber o que de melhor rolou em estilos que ele não costuma ouvir com muito afinco.

Os discos

Vampire Weekend - Modern Vampires Of The City

Vampire Weekend
Talvez surpreendentemente, o álbum favorito de 2013 para a imprensa estrangeira, foi o terceiro disco do Vampire Weekend. Em "Modern Vampires Of The City" o grupo deixou um pouco de lado as influências do pop africano, que marcaram seus dois trabalhos anteriores, e investiram em melodias mais pop e em baladas de inegável beleza e melancolia. Ainda que a guinada não tenha agradado a todos os fãs, a mudança foi obviamente bem sucedida, já que o álbum também teve bom desempenho comercial.

"Modern Vampires Of The City" foi o álbum do ano para a edição americana da Rolling Stone. Ele ainda ficou em segundo lugar na lista da Q, terceiro na da Spin e sétimo na da Mojo (nas outras duas listas ele ficou entre os 20 primeiros lugares).




Kanye West - Yeezus
Kanye West
Kanye West Yeezus
Kanye West pode ser acusado de ter um ego gigantesco e ser igualmente pretensioso. Mas não se pode negar que ele não tenha talento para bancar toda essa pretensão. E isso foi confirmado com o excelente "Yeezus", um disco de apenas 40 minutos e, talvez por isso mesmo, de enorme impacto. Em seu sexto álbum o rapper novamente colocou o hip hop no futuro. Para fazer isso, desta vez ele fez uso de bases pesadas, quase claustrofóbicas, típicas de um disco de rock industrial, para embalar os seus discursos.

"Yeezus" foi o álbum do ano para a Spin e o segundo melhor para o NME e a Rolling Stone. Nas outras três listas ele foi igualmente lembrado, mas posições um pouco inferiores.




My Bloody Valentine - m b v
My Bloody Valentine
My Bloody Valentine m b v
Taí um disco que ninguém mais imaginava que fosse sair. Afinal o My Bloody Valentine começou a gravar esse disco na metade dos anos 90 , o que faz dele um verdadeiro "Chinese Democracy" do indie.

Assim como o disco da banda de Axl Rose, que demorou anos para ser lançado, esse aqui também chegou de forma inesperada. Foi no segundo dia de fevereiro que Kevin Shields, o líder do quarteto, disse que o álbum estava pronto e já podia ser ouvido no site da banda - o que causou imediata queda nos servidores.

Talvez a maior surpresa ao se ouvir o disco foi o de ver que ele simplesmente parecia ter continuado onde "Loveless", o último álbum deles lançado em 1991, havia parado - como se a banda tivesse congelado no tempo. Ao mesmo tempo, o som que o grupo tramou ainda soa tão diferente e atemporal que mesmo 22 anos depois ele ainda soa moderno.

Ainda "m b v" esteja em posições mais inferiores em todas as outras listas (entre o 12° e o 39° lugares), para a Uncut ele foi o melhor disco de 2013.





Arctic Monkeys - AM
Arctic Monkeys
Arctic Monkeys AM
Discutir o Arctic Monkeys com os ingleses é o tipo de tarefa que não leva a nada. Tanto a crítica quanto o público da Grã Bretanha são completamente fascinados pela banda de Alex Turner, e isso não deverá mudar tão cedo. É verdade que os dois últimos discos deles foram recebidos de forma mais comedida, exatamente o contrário desse "AM", que entrou até na lista de "500 discos de todos os tempos" que o NME publicou em outubro. Apesar disso não se pode negar que o álbum marca uma enorme evolução na banda, e pode muito bem ser o melhor já feito por eles.

As melodias criadas por Turner estão mais inspiradas e os arranjos cada vez mais variados. Também é desnecessário lembrar que o vocalista continua a ser um dos melhores, senão o melhor, letrista de sua geração.

"AM" foi o álbum do ano para a Q e, como já era de se esperar, do NME. Na Mojo ele ficou na quarta posição e na Uncut em nono. Já os americanos estão divididos. O álbum sequer entrou na lista da Spin, mas na Rolling Stone ele pegou um honroso nono lugar.



Bill Callahan - Dream River
Bill Callahan
Desde os anos 90, quando gravava sob a alcunha Smog que Bill Callahan é um dos artistas favoritos dos críticos das publicações musicais mais "adultas". Sua voz grave que emoldura o seu folk básico e melancólico exercem um grande fascínio em diversos jornalistas que quase sempre conseguem emplacar os álbuns do compositor nas listas de melhores do ano. A diferença é que desta vez ao invés de aparecer na segunda metade do top 50, Callahan foi alçado ao topo como esse álbum, o seu décimo quinto!, que, vale dizer, não difere muito de seus últimos trabalhos.

A música de Callahan é daquelas que exigem um pouco mais de atenção do ouvinte, até por ela fugir dos padrões vigentes da música pop. Mas, caso você não o conheça, vale a pena insistir, caso o som não entre logo de cara. Se a música do cantor te agradar, pense que ainda há outros catorze discos dele para serem conhecidos.

"Dream River" foi o álbum do ano para a Mojo e o sétimo para a Uncut. Nas outras revistas a aclamação foi um pouco menor, com Q, Spin e NME destacando o disco na parte inferior do top 50

Outros álbuns lembrados

Daft Punk, Laura Marling, HAIM
Daft Punk
Daft Punk Random Access Memories
Mesmo sem ficar no topo de nenhuma lista, "Random Access Memories" do Daft Punk terminou como um dos álbuns mais aclamados do ano. A ponte entre a música dançante do passado, presente e futuro que os franceses construíram, marcou 2013 como nunca e ficou no top 10 de várias publicações.

Outro trabalho lembrado em todas as listas foi o belo "Once I Was An Eagle" da jovem cantora de folk Laura Marling. Com esse álbum ela provou que é uma grande artista e que veio para ficar. Nós ainda ouviremos falar muito dela, podem anotar.

As irmãs do HAIM também conseguiram transformar o seu sucesso de público em prestígio perante a crítica. "Days Are Gone", o álbum de estreia das garotas, também foi eleito um dos 50 álbuns do ano por todas as grandes publicações.



David Bowie, QOTSA, Arcade Fire
David Bowie
David Bowie The Next Day
Era óbvio que o excelente álbum que marcou o retorno de David Bowie ao mundo da música depois de uma década de sumiço, seria um dos destaques nas listas de melhores do ano. E ele não decepcionou. "The Next Day" agradou em especial os críticos ingleses e ficou no topo 10 de todas as principais publicações de lá.

Igualmente aclamado foi "....Like Clockwork" do Queens Of The Stone Age presente no top 10 de duas publicações e no topo 20 de outras duas. Prova de que o rock inteligente e pesado da banda de Josh Homme ainda tem bastante lenha para queimar.

Arcade Fire
Arcade Fire Reflektor
Finalmente temos um álbum que esperava-se, fosse ser bem mais aclamado. Até porque se tem uma banda que a crítica ama de verdade, ela se chama Arcade Fire. Apesar disso, e de todo o hype que cercou o lançamento de "Reflektor", o disco foi certamente o menos celebrado entre os quatro já lançados por eles. Por "menos celebrado", entenda-se um disco que foi um dos dez mais de 2013 para a Rolling Stone e o NME e entrou no top 50 de outras três listas.

Ou seja, mesmo com essa "frieza", o fato é que banda ainda está com seu prestígio em alta.



Conheça, ou relembre, cada um desses álbuns na playlist abaixo!

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