De longe eu vejo Luzes vermelhas que giram com dois tiras Que viram que minha mira era destaque Perceberam fácil Que meus passos não eram de Jhonny Walker
São de fumaça brisada incendiada com Pirassununga Não sei se estou consciente Mas vejo em frente a terra do nunca Com coisas boas que eu nunca achei Na realidade são só desrespeito e leis
Leis que nem sei pra que serve Será que é pra que a gente fique em casa e se preserve? Ah sei lá, me sinto mais pra mendigo apto as ruas Parecendo um menino sem cobertor, sorrindo pra lua
Sem desperdiçar os pães amassados Vou amassando cada dia abutres e uns diabos Cheios de olhos maldosos goram minha subida Observo seus sorrisos adquiridos de vidas sofridas
Mas de cabeça erguida só posso desejar Aos senhores uma boa noite e o que mais posso ajudar Não tenho nada comigo aqui que possa incriminar Só se você tem algo em suas mãos pra incrementar
Então tio ou senhor, meus bolsos estão vazios Pode abaixar o farol e para de mirar esse fuzil Por ter nascido sou visto como nada uma falha Mas se estivesse morto serviria de medalha
Me sinto mais seguro andando pelos becos escuros Se sampa é tão perigosa então onde viver é seguro?
Mesmo saindo da experiência, não caio na malemolência Gerencia fala, mas meu salário Não mostra minha competência Não me revolto com concorrência, mostro minha eficiência Guerreiro quer guerrear, quem quer a paz segue na paciência
Já fui mal diferenciado, hoje eu quero ser a referência Falando tudo que se passa, faço jus minha existência Um homem experiente não é visto só por sua idade São contados seus passos, dados também por esta cidade
Penso que está tudo mudado Mas são as mesmas velhas ruas Corpos perambulando, trampando E outros ganhando granas sendo nuas Lembro dos manos que se perderam nessas vias escuras Invés das fumaças brisadas, escolheram a fissura
Barulhos de skate não escapam a sirenes de ambulância Pilantras de ganância Transitam com intolerância e me dão ansia Quando a vejo distância tratando com ignorância criança Sem esperança Que confundiu a Disneylândia com a Cracolândia
Agora apanha de quem achava que era herói Se esconde de medo embaixo dos lençóis Ai é foda viver nesse alvoroço Sustentando vilões com milhões e não sobrar nada no bolso
Ainda julgam que vestimos, é foda-se o que o sentimos Mas sem falar besteira sem trincheiras resistimos