Dá uma trocadinha no rádio minha santa Que eu quero ouvir uma milonga bem bagaceira Comendo bolacha com marmelada E uma costela fria de ovelha Vou dar uma dedilhadinha no pinho com carinho Tentear a chepa na chapa do fogão Beber um trago porque tá brabo Tanta sofreguidão
Mas que troço bem gaúcho Me engambela a tristeza morena E aquerencia a solidão
Vou ajuntar minhas xergas, a carona, os bastos E escorar meu cansaço junto ao catre Fumar um cigarro, tomar mate Até o sono me pealar Não posso me esquecer do gado solto no pasto Dá água e bóia pro baio no curral Moer mandioca e milho seco pra porcada Rapá o tacho pra cuscada se danar
Mas que tal esse milongaço se besteando Pechando a rima contra as varas na mangueira Na perna do freio, na ponta do laço Veiaqueando de montão Me enche os “tubo”, apear meus recaus Com a poesia retoçando ao pé do ouvido Ando precisando tratar uns novilhos Até sarar o coração!