A milonga retempera mistérios que trago em mim Abre horizontes sem fim, dá asas aos meus anseios Quando entropilha floreios no encordoado das guitarras Por isso quando eu escuto o som que a identifica Sinto que me comunica com as paisagens serenas Onde aprendi que das penas nascem nosso cantares Revejo essas paisagens, que guardei em mim por certo Me sinto no campo aberto anoitecendo ao relento Os pastos silvando ao vento, meu pingo à soga por perto Enxergo “tajãs” aos pares revoando nuvens esparsas Diviso bandos de garças num horizonte infinito Escuto o eco do grito d´algum bugiu montaraz
Lembro o relincho da eguada na liberdade do pampa Ouço entre choques de guampas da tropa quando dispara E sinto o vento na cara vir prenunciando tormenta A pureza de água benta na oração de seu compasso E desse exílio que abraço a minha alma desperta Galopa de venta aberta nos campos do Touro Passo
A milonga se fez china Nos fogões da Cisplatina Pra viver com a gauchada E o gaúcho em sua glória Peleando fez nossa história Co´a milonga engarupada.