Marcelo Oliveira
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Madrugada de Rancho

Marcelo Oliveira


O rancho recém acorda
Com bocejos de fumaça
Espreguiçamdo as janelas
De olhos claros sem vidraças
Cendendo sĂłis em brasas
Num cerne de tarumĂŁ
Minando a negra cambona
E sua alma de picumĂŁ.

Um velho de calças largas
E sonhos velhos demais
Assopra um vento do peito
Nos sabugos e jornais
Vai buscar ĂĄgua pro mate
Enquanto o fogo clareia
A sombra de um passado
Que pelo rancho passeia.

Num poço de alma aberta
Em silĂȘncio distraĂ­do
Um balde puxado a corda
Chora a mĂĄgoa entristecido
Depois cai no seu abismo
Até a ågua do fundo
Talvez por isso que chore
Por ser pequeno seu mundo
Na alta quincha do rancho
Entre arame e santa fé
Um galo fino de lata
Aguenta firme de pé
NĂŁo canta nem madrugueia
Nem bate asas por conta
Apenas diz onde Ă© norte
Pro lado que o bico aponta.

As laranjeiras floridas
Esperam o doce do outono
Pra nĂŁo serem tĂŁo amargas
Feito as lembranças do dono
Que o tempo sem ter paciĂȘncia
Ajustou pra morar sĂł
Num rancho com alma de barro
Plantado num cafundĂł.

Quem olha um rancho de longe
Pela estrada de quem passa
Enxerga o galo sem asas
E um branco fio de fumaça
NĂŁo chega pra tomar um mate
Nem pra matar sua sede
E nĂŁo sabe que este rancho
Tem vida além das paredes.

Composição: Cristian Camargo

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