Numa feira de domingo Lá perto de Campo Lindo, nas bandas de Farroupilha Tava eu ali vagando e vi um homem se chegando Junto trazia a família Saltaram bem do meu lado, de um belo carro importado Ele, a mulher e a filha Uma moça tão bonita que eu jurei as minhas vistas jamais viu tal maravilha E no repente do embalo, eu apiei do meu cavalo E dei a mão a bela flor Enquanto o povo corria pra ver meu Baio Marília e conhecer o Doutor
Meu cavalo era um sucesso, cortejado em excesso Por toda essa região Onde quer que eu chegasse Não tinha quem não comentasse, lá vem vindo o campeão Se eu falasse em negócio, aparecia logo um sócio Com o dinheiro na mão E na ocasião ali foi assim que eu conheci o pai daquela aparição Que se virou para o meu lado, com o olhar enfeitiçado Como eu nunca vi igual E num gesto delicado propôs seu carro importado em troca do meu animal
Logo vi que o forasteiro, era um rico fazendeiro E tinha tudo o que queria E eu pobre boiadeiro, só tinha meu companheiro Meu cavalo Baio Marília Enquanto o homem falava, meu pensamento vagava Longe daquela euforia Meu olhar tava distante, num sentimento constante Pela moça sua filha Mas quando eu dei por mim resolvi por logo um fim naquela situação Tanto luxo e vaidade pra comprar minha amizade e me tirar o garanhão
Então me virei pro moço, num jeito muito assuntoso E disse naquele momento Que negócio eu faria, mas em troca eu queria A mão da moça em casamento O homem se revoltou minha proposta encarou como ofensa o atrevimento E no mais ficou marcado o caso por encerrado Sem qualquer entendimento Mas é como eu sempre digo seja pro pobre ou pro rico, seja o motivo qualquer Mesmo com dinheiro e sorte, nessa vida não se pode Ter de tudo o que se quer