Eu sou caboclo nascido em tapera Arisco que nem fera que não cai no laço Sem divisa de qualquer fronteira Me criei igual a águia que domina o espaço
Barrar meus passos é dar com os burros na água É ver o diabo de mágoa na casa a rolar Porque eu vejo a viola em caco Sem tirar ela do saco antes de apear
Jogo meu laço por cima e por baixo Tanto pulo como abaixo em ocasião de apuro Se o pantaneiro é brabo eu sou maneiro O potro rincha eu solto a chincha e no braço eu seguro
Enfrento a morte se me for preciso Nem pro chão aonde eu piso não devo favor Quem vem do berço com destreza é forte Tem fé não precisa sorte, vence é com suor
Só temo à Deus que risque o céu com raio Faz o negro ficar baio, o branco furta-cor O resto eu topo cara a cara, peito a peito Imponho justiça e respeito seja lá quem for
Meu sentimento é não ser poderoso Como eu sou forte e brioso, teimoso e ligeiro Pra na escrita por pingo no “i” Pra ver a terra onde eu nasci livre de aventureiro
Sinto orgulhoso de ser brasileiro Não temo o estrangeiro e faço respeitar A imensidão do meu verde amarelo Pois um outro rico e belo no mundo não há
Vejo distante fome, dor e guerra E a paz da minha terra sempre mais gentil Sem preconceito de cor, raça e culto Um Deus, um hino, uma bandeira e viva o meu Brasil Sem preconceito de cor, raça e culto Um Deus, um hino, uma bandeira e viva o meu Brasil