Leila Moreira
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Floresta de Cimento

Leila Moreira


Eu nasci no meio do mato,
sobre a relva do meu sertão,
onde o sol esquenta o riacho,
sertaneja por tradição.
De manhã eu via meu pai,
com enxada e machado na mão,
minha mãe murmurando seus áis,
meus irmãos brincando no chão.
Minha casa era de madeira,
o seu teto era de sapé.
Aos domingos rezava na igreja,
oh! meu Deus! como eu tinha fé.

Meu cavalo preto azulado,
galopava e cortava estradão,
na envernada mugia meu gado,
a caminho do ribeirão.
E no terreiro a sanfona chorava,
abraçada com um peão
e meu povo contente dançava:
rasqueado, xote e vanerão.
Minha vida era sossegada,
céu bonito, noites de luar...
Entre sons de berrante e boiada
nem senti minha infância passar.

Mas chegaram os meus vinte anos
e com eles a ambição,
partir em busca de sonhos
conheci a desilusão.
Hoje vivo em outra floresta,
de cimento e poluição.
Acabou a vida modesta
de uma filha do sertão.
De manhã já vejo meu pai,
meus irmãos só lamentam o que fiz.
Esta dor do meu peito não sai,
oh! meu Deus! como eu era feliz.

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