("Certa vez uma caneta Foi passear lá no sertão Encontrou com uma enxada Fazendo uma plantação A enxada muito humilde Foi lhe fazer saudação Mas a caneta soberba Não quis pegar na sua mão E ainda por desafora Lhe passou uma repreensão")
Disse a caneta pra enxada Não vem perto de mim não Você está suja de terra De terra suja do chão Sabe com quem está falando? Veja sua posição E não esqueça a distância Da nossa separação
Sou a caneta dourada Que escreve nos tabelião Eu escrevo pros governos As leis da constituição Escrevo em papel de linho Pros ricaço e pros barão Só ando nas mãos dos mestres Dos homens de posição
A enxada respondeu De fato eu vivo no chão Pra poder dar o que comer E vestir o seu patrão Eu vim no mundo primeiro Quase no tempo de Adão Se não fosse o meu sustento Ninguém tinha instrução
Vai-te caneta orgulhosa Vergonha da geração A sua alta nobreza Não passa de pretensão Você diz que escreve tudo Tem uma coisa que não É a palavra bonita Que se chama educação