João Morgado
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Num Bar Qualquer

João Morgado


Num bar qualquer

Sonho-a ao meu lado sentada
De mente e gestos provocada
São razões e desejos insaciados
Feitos de esperas e deleites
Na demora de serem aceites
Como atos consumados

Sinto uma ânsia indecente
Me devastando a mente
Enlouqueço de prazer
De olhos fechados a sonhar
Sinto os seus dedos me tocar
Fazendo-me o corpo estremecer.

Mas, continuando o sonho no ar,
Sozinho nesta mesa de bar
Dum bar qualquer da cidade
Sorvendo apenas o meu ar e a ambição
Neste preambulo da inspiração
São fantasias envoltas em realidade

Umas legítimas e sublimes
Onde ela se redime
Outras transpiram sensualidade
São todas, desejos insatisfeitos
De carícias e de beijos
Coisas próprias desta idade

Mas eis que um sorriso sobressai
De tanto imaginar o que pr`aqui vai
Alguém, pergunta: ?Amigo como andas??
Respondo, ainda sonhando: ?Olá, vou bem!?
?Pareces sonhar com alguém?
?Pois sonho, anda uma amada em cirandas?

?Quem é ela, podes dizer??
?Porque não, se queres saber,
Mora longe, muito longe e por isso ando aéreo
Um dia sulco os mares
E quando menos esperares
Eis-me perto dela, acredita falo a sério?

João Morgado

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