João Morgado
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É Brutal Castigo

João Morgado


É brutal castigo

Aquele som sensual da voz rouca
Sussurrando palavras de enfeitiço
Nossa música preferida que toca
E com os dedos desenhando a boca
Beijos atrevidos... Oh belo enguiço

As mãos enlaçadas são agora francas
Na procura bela de outros contentos
Sentindo o húmido do amor entre ancas
Momentos cheios de “magias brancas”
O fogo queima-nos, a todos os momentos

Induz-nos a devaneios atrevidos
Na dança embriagada do prazer
São êxtases delirantes, consentidos
Nesses momentos assim vividos
Nosso sonho, tormento de bem-querer

Serenamos a porfia em nossos fados
Desejando os corpos fundidos num só
E assim dormimos abraçados
A essa ideia, de suspiros entrecortados
Até que a sorte de nós tenha dó

Queremos um e outro ser felizes
Só com olhares, palavras ou desejo
Esquecendo que tudo o que dizes
É absorvido na alma e nas raízes
E não se aquieta assim sem um beijo

A dor da distância é feroz
Mata o mais belo que há em nós
Amor platónico nesta idade
É martírio bastante para a insanidade
Oh sofrer assim de estarmos sós

Não fora esta ambição de ser feliz contigo
De saber que sou mais que um amigo
E me deixava já aqui findar
Porque viver sem jamais te abraçar
É tormento superno! É brutal castigo.

João Morgado

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