Jessier Quirino
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Eu Vou Dizer Um Negócio (mané Cabelim)

Jessier Quirino


Olhe, eu vou dizer um negócio! nesse mundo tem gente pra tudo! e ainda sobra um pra tocar gaita. O cumpade Mané Cabelim, matuto réi que num vale o que o priquito rói, num vale um vintén de mel cuado! com uma lascança no mei da canela do jeito que tá, inventou de raparigar uma dama dos quarto de gia, vinda da caixa prego, dos cafundó da Bahia. Raparigona faladeira, despachuda, com a matraca nas altura, e quanto mais fala mais mente! quanto mais mente, mais jura. A sujeita, é dessas bixa seca das feição incritiada, esprivitada, rinchenta e cheia de cabelo na venta, tem o que ver a danada! olhe e tem uma coisa, mulher de cabelo na venta, nem o diabo aguenta.
Pois o infeliz do cumpade que já tava comendo cachorra insosa, com os negócio dando pra trás, achou pouca a caiacanga que se meteu e agora tá gastando o que não tem pra fundar um conjunto dançarineiro com sintoma de macumba e ainda por cima quer comprar um trio elétrico pra putanhagem fora de época. Tudo isso a mando daquela quenga, mandingueira do Abaeté. A bixa é um cupim de home tão da gota, que além de rapar o fundo da gaveta do infeliz ainda bota diadema de vaca na testa do usurave, com tudo que é dançarino da região.
Eu que não tenho papa na língua, tomei o fôlego dele e disse-lhe : Laiga de ser disleriado mufino duma figa, procura o teu lugar rapaz! triste dum rato que não conhece o buraco, tu rapaz, um homem véi das mão de gingibre mais barbado do que Dom Pedro 2° num tem vergonha nessa cara de caximbo cru. Te quilibra rapaz, num tais vendo que aquilo num é mulher de reza, antes escomungado pelo vigário do que bença de pé de mula, quem tiver doença abra a bolsa e tenha paciência, ela te curou foi com teu dinheiro e até hoje tu tá comendo fiado e cagando juro, e tem uma coisa, traíra quando não tem o que comer, come os parente! te orienta rapaz, pois quem se mete a redentor, termina é crucificado.
Olhe eu num sei não viu, eu tenho assuntado direitim e tô com a impressão de que faltou terra nos pé de Mané Cabelim e ele não deu fé, tá pensando que vai ganhar dinheiro com pagode, eu disse a ele: Cumpaade, esse negócio de pagode aputanhado ou turismo rebolador, isso é dinheiro amaldiçoado home de Deus, isso é feito os dinheiro roubado por sacristão, cantando vem, cantando vão, será possive que tu num tais vendo que tu tá comendo com pinto e cagando como pato rapaz? eu sei que conselho e tabaco a gente só dá a quem pede, mas eu vou dar e vou falar! eu vou falar sim senhor! porque palavra demais, só custa dinheiro em telegrama! tu sabe muito bem que o pior do esfolar tá no rabo! tu sai dessa brasa se não tu entra na labarêda, pois quem compra o que não pode, vende o que não quer, derna que Adão era cadete que o mundo é assim e contigo não vai ser diferente não. Então laiga de mão esse diabo de trio elétrico, enfia aquela rapariga debaixo da carreta e te levanta pra trabaiá, porque missa e maré só se espera de pé. Quem acha besta não compra cavalo e tu já fosse achado besta fela da puta duma figa! olhe eu fico dueeeente cum negócio desse!
Dá vontade de abrir a mão e desapiar os cinco mandamento na tava dos queixo daquele infeliz e ver ele morrer engasgado com os canino, incisivo e caco de dentadura, que meu Deus que me perdôe! mas eu acho que ainda vou dizer umas verdade, eu ainda nem comecei, ainda não disse nada! acho que vou dizer umas verdade. Não, pensando bem, é melhor até ficar calado, é, é melhor ficar calado, sim é, é melhor ficar calado.

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