Acordei pra ver o sol, levantei bem cedo Mas quando abri os olhos confesso que tive medo Parecia pesadelo, mas infelizmente! Era a vida real de quem vive como indigente!
Ocuparam minha terra, expulsaram o meu povo Me deixaram sem caminho, sem destino, sem retorno Não tenho identidade, nem sei mesmo se existo Eles falam em liberdade, eu finjo que acredito
Confiscaram o que é meu, roubaram o que é meu! Destruíram o que é meu! e disseram que é seu! Sua finalidade é a guerra, o massacre! Enquanto o meu objetivo é só ter dignidade
Eu só tenho 10 de idade, e já vi de tudo! Vi sangue, vi maldade, vi soldados de coturno Meu futuro é incerto, disso tenho certeza Não verei felicidade em meio a tanta tristeza
Em meio à tanta desgraça promovida por humanos Que se chamam humanos, mas são todos desumanos Me deixaram sem ninguém, sem família, sem legado Sem jardim, sem gramado, somente campo minado
De bombas que explodem a todo momento Tiram nossas vidas, detonam os sentimentos Não há cores... que representam essa dor Impossível colorir a vida que é incolor
Sou órfão por natureza, vítima do genocídio Pra outros uma criança destinada ao terrorismo Desse jeito vou seguir até chegar a minha hora Pra quem vive em meio a guerra bombas são trilha sonoras
Refrão Só queria em paz viver. só queria em paz brincar Ter os frutos pra colher, sonhos pra realizar Só queria ter um chão para poder pisar Só queria ter um teto para poder morar Mas me impediram de escolher, me impediram de andar Assassinaram minha infância, destruíram o meu lar Algemaram os meus sonhos, mataram minha alegria Sequestraram minha esperança e toda a minha vida! Prazer, sou terrorista
Eu não tenho nome, nem mesmo identidade Tiraram a minha terra e toda dignidade Não tenho família, sobrevivo em meio a guerra Aqui é deus no céu e soldado na terra
Me chamam de terrorista, prazer, esse é meu nome Quem me apelidou foram homens de uniforme Camuflado em seus tanques que disparam em nós Balas que matam o corpo, mas não calam nossa voz
Eu sei que sou pequeno, nem pretendo crescer Quem vive na desgraça é programado pra morrer Eu queria viver, independente do tamanho Andar em qualquer canto e não ser visto como estranho
Ser visto como um humano, independente da minha raça Mas aqui infelizmente eu sou visto como caça Eu sou visto como alvo resistente nessa guerra Enquanto eles lançam mísseis, eu arremesso pedras
Nem as pedras eu queria arremessar se eu pudesse Escolher livremente, mas minha vida padece Ao meu redor eu só vejo corpos mutilados De mulheres e crianças, todos desfigurados
Hoje à noite foi tensa, nem consegui dormir Madrugada a dentro só ouvi bombas cair Só ouvi o desespero e os gritos constantes A dor, o pesadelo, agonia a todo instante!
Eu senti o meu corpo aos poucos morrendo As chamas do fogo pouco a pouco foram ardendo E antes de morrer, ouvi um soldado dizer Matamos um terrorista antes mesmo de crescer!