Eu represento o perigo Eu me permito rezar Não creia em tudo o que digo Pouco é o que pode esperar De um juízo nas sombras Dos ecos no ar
Vivo um antigo fetiche Tramas de um cego avatar Meu corpo pulsa e respira Oculto num brilho que jaz... Jaz no dorso das ondas Que fogem do mar
Tenho observado a dor que não me exime Há dias que eu nem sei quem sou Exímio defensor, também autor do crime De corpo e alma, um grande ator
Mundano, besta-fera à venda em seu desejo Louco, bêbado e infeliz De mais a mais... Insano, algoz quimera, ofensa, um gênio negro Um vil segredo, a diretriz de sol a sol... Num céu azul
Sou talvez como um urubu furando as nuvens Majestoso furta-cor Matiz de inconsciência, o eterno lobisômem Poema de acre-doce amor
Sublime alegoria, duvidalegria, escaravelho feito Tropicália Song Divino, por que não (?), da morte, algum conselho Um navegante coração me leva-e-traz Eu sou mais eu...