Gal Costa
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Embebedado

Gal Costa

Hoje


Pendurado de banda
No vĂŁo da varanda
Do prédio a rodar,

NĂŁo sei mais se Ă© o mundo
Que cai aos meus pés
Ou de pernas pro ar;

Embebedado de vocĂȘ,
Tonto na beirada da

Tentação de cair e voar,
AtĂ© me aninhar em vocĂȘ,

Mal parado num muro
Sem prumo, em que estudo
Onde me equilibrar,

Entre o chĂŁo e o barraco
De estrelas que cai
No que foi nosso lar,

Abandonado por vocĂȘ,
Louco querendo mamar
Do segredo da vida e gritar
AtĂ© me agarrar em vocĂȘ,

Arrastado por dentro
Ao meu prĂłprio espetĂĄculo
Em tal patamar

Pela mĂŁo da sereia,
Que vai se tornando
A sirene a soar,

Convidado de luxo
A deixar a ribalta de amar

Pela escada de incĂȘndio e baixar
AtĂ© me assistir escapar vocĂȘ,

Muito embora indo embora,
Eu mesmo mentindo
Devo argumentar:

Sou a sobra do efeito
Cascata da vodca
E desse luar.

Composição: José Miguel Wisnik, Chico Buarque

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