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Eu Tô Fazendo O Que O Sistema Quer

Facção Central

A Marcha Fúnebre Prossegue


Pow, pow, o miolo vôou, o boy caiu;
Os gambés vieram á mil farejando o sangue do tio;
Que piada a blindagem, cerca elétrica;
Se liga na seqüela, puta rica, viúva estérica;
Eu não sou fictício, sou o monstro agressivo;
Que ta no noticiário fazendo o refém sangrar pelo ouvido;
Caí na armadilha, fiz pacto com o capeta;
Trocaram minha caneta pela escopeta;
Me colocaram num opala em baixo da chuva de bala;
Á 180 dando fuga da agência bancária;
Me ensinaram que conforto só com o doutor morto;
Com a 765 no pescoço;
Por isso eu toco o interfone e o zelador abre o portão;
Disfarçado de carteiro eu caio pra dentro com a uzi na mão;
Boy cuzão que só vê morte pela sky no sofá;
Não foi pra europa agora assiste o meu desejo de matar;
Agiliza os dólares, os diamantes;
Senão arranco teu coração, te afogo no rio de sangue;
Quis ser advogado, mas perdi pra rua;
Vim cobrar com juros meu sonho de formatura;
Ódio lapidado por um pai bêbado porco;
Que batia na minha mãe por que não podia comprar o almoço;
Fez de mim o lúcifer que o sistema quer;
Que pela pedra deixa teu corpo pra perícia do gambé.

(4x) eu to fazendo o que o sistema quer.

Pra mim não tem xeroqui nem hiati;
Nem restaurante cinco estrelas, nem audi;
Eu sou como lixo, tomo tiro de investigador;
Enquanto o boy tem clube de campo, conta no exterior;
Então fudeu doutor, vou buscar a igualdade;
Dept com adaptador de 30 na crueldade;
Não quero ser igual ao tiozinho do bairro;
Que trampa á quarenta anos pra passar fome aposentado;
Nem igual minha mãe doente sem médico;
Pedindo esmola com a receita pra comprar remédio;
Cuzão que come caviar e lagosta;
Não sabe o que é viver um minuto nessa porra;
Pega o dono da mansão e põe no barraco;
Quando o filho dele chorar sem ter nada no prato;
Não vai pra rua implorar de mão estendida;
Vai catar a bmw da burguesa vadia;
Vai subir corrente, se pá até os dentes;
Vai ter festa no necrotério, legista contente;
Seu chip no peito não vai me rastrear;
Vou deixar seus pedaços pro satélite rastrear;
Se não blindar o coração não tem cuffer na praça;
Se não pôr armadura não tem surf na praia;
Quando for ver shakespeare com sua mulher;
Pá, pá na cabeça como o sistema quer.

(4x) eu to fazendo o que o sistema quer.

Sou outro brasileiro favelado sem sorte;
Que vai morrer roubando o carro forte;
Que vai estar agonizando no chão do itaú;
Vendo a risada do boy porco de olho azul;
Uma chance em um milhão de morrer como bandido;
100% de chance de mofar no presídio;
História real das famílias da periferia;
Vem conferir quantos têm passagem na polícia;
Vem ver quantas mães têm santinho guardado;
Pelo filho que por um real foi executado;
Espantoso, surpresa pra quem tem tudo na mesa;
Fartura no armário é dono de empresa;
Me diz se não parece filme do seu dvd;
O ladrão encapuzado invadindo o dp;
O delegado metralhado no meio da rua;
O caixa eletrônico na caçamba da pirua;
A real é ódio, faca no coração;
A busca á qualquer preço da ascensão;
Preferia estar na escola, na biblioteca;
Estar no shopping comprando pra minha filha uma boneca;
Ter cartão de crédito, cheque cinco estrelas;
Não estar matando alguém pra por um leite na geladeira;
Mas infelizmente o que o sistema quer;
Sou eu com fome atirando na madame de chofer.

(4x) eu to fazendo o que o sistema quer.

Composição: Eduardo E Dum-dum

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