Demir Ratsbone
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Desabafo de Um Jurado

Demir Ratsbone


Não aguento mais viver nessa ansiedade.
Estou cansado de fugir da sociedade.
Sou um cara comum como um cara qualquer.
Sou passivo de erros, e quem não é?
Minha vida sempre foi um dilema.
Só espero que um dia possa valer a pena.
Sou de família humilde. Vim do interior.
Nunca sonhei em um dia ser doutor.
Só queria viver bem. Ser feliz. Quê que tem?
Nunca pensava em fazer mal pra ninguém!
Mas veja onde estou! Olhe aonde eu vim parar!
Fui tirado a contra gosto do meu lar.
Não que eu não quisesse estar aonde estou.
É que das opções foi a melhor que restou.

Não quero ?pagar? de vítima nessa história.
Só peço que imaginem como me sinto agora.
Perdi um grande amigo que era como um irmão.
Você não faz ideia como dóI no coração!
Tive que fugir, me esconder pra não virar bandido.
Pra não matar, não morrer, não ser atingido.
Não obstante a fase ruim que estou atravessando
Ainda ouço a voz dos falsos me condenando.
Dizendo que aquele caixão era pra mim,
Que ele não merecia ter morrido assim.
Vem dizer isso pra mim? Eu que sei!
Acha que não foi isso mesmo o que pensei?
Eu tava lá quando tudo aconteceu.
Foi exatamente isso que eu pedi pra Deus.

Não quero mais viver! Não tô vivendo bem!
Eu preferia ter partido pro além
A ter que conviver com essa agonia
Que me persegue e me consome noite e dia.
A ficha não caiu. Não dá pra acreditar.
Me acorde quando o mês de fevereiro acabar!

Você não tá na minha mente pra saber!
Você não vive a minha vida pra julgar!
Só Deus sabe o que vai nos acontecer.
E amanhã, quem sabe, tudo irá mudar.

Agora sinto febre e o meu corpo dói.
A sensação de culpa ainda me corrói.
Até quando vou viver nessa situação?
Lembrar do meu amigo caído lá no chão,
E na minha mente sempre o mesmo vídeo.
Já pensei até em cometer suicídio.
Não quero que chorem quando eu morrer.
Pois a qualquer momento isso pode acontecer.
Tô sem perspectiva. Tô desanimado.
A sorte, de repente, passou pro outro lado.

E nesse pesadelo eu me sinto um lixo.
Tendo que fugir, me esconder feito bicho.
É constrangedor. Não dá pra explicar.
Saber que algumas pessoas vão me rejeitar.
Mesmo assim eu sigo esperando mudanças.
Mas sinto que estou prestes a perder as esperanças.
Sei que a vida é dura, mas Deus sabe o que faz.
Espero que um dia eu possa viver em paz.
Agradeço a todos que me fizeram forte.
Esse é o desabafo de um jurado de morte.

Composição: Adelmir Paulino Ratsbone

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