Dead Fish

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Há ordem no caos e desordem por todos os lados. Música é entretenimento? Diversão? Desabafo? Que tal ser isso tudo e muito mais. A banda capixaba Dead Fish está há 13 anos colocando em prática essa máxima. Já trilharam seu caminho no underground nacional, tendo lançado quatro CDs e tocado em todos os cantos do Brasil. Inclusive acompanhando bandas internacionais como as norte-americanas Shelter, All e Pulley.

Agora chegou a hora de cruzar a fronteira entre o indie e o mainstream. Alguém aí pensou em “La Migra”? Quem sabe... O certo é que Rodrigo (voz), Alyand (baixo), Nô (bateria) e os guitarristas Philippe e Hóspede, estão dispostos a isso. Como aliada o grupo tem a Deckdisc, que se responsabilizou pelo lançamento de “Zero e Um”.

O disco foi gravado entre janeiro e fevereiro de 2004 no Estúdio Tambor (Rio de Janeiro) sob comando do guerreiro Rafael Ramos, que já capitaneou álbuns de artistas como Los Hermanos, Ultraje a Rigor e Pitty. A mixagem ficou a cargo de Ryan Greene, responsável por algumas obras “obrigatórias” do hardcore de NOFX e Sick Of It All, no Motor Studios, em São Francisco (Califórnia).

As 14 músicas são, literalmente, inéditas. Além de não regravarem nenhuma canção dos trabalhos anteriores, o Dead Fish nunca soou tão seguro como agora. Inaugurando a nova fase, “A Urgência”, brada, explicitamente, que de mortos os peixes não têm nada e que “há urgência em estar vivo”. Já a faixa que dá nome ao disco capricha nas melodias, tanto vocais, quanto das guitarras.

Se você acredita que tecnologia é sinônimo de progresso, o hardcore rasgado vai lhe dar uma nova visão. Se precisar de ajuda, o clipe - com direção de Eduardo Kurt - pode te ajudar a ter uma idéia. “Queda Livre” é um tapa com luva de pelica... e vai derrubar muita gente. “Bem-vindo ao Clube” tem o clima do Dead Fish ao vivo. E olha que a performance da banda é das mais explosivas. O baixo pulsa forte, a bateria martela com furor, as guitarras duelam entre si e Rodrigo se esgoela e macaqueia como poucos.

“Você” e “Re-aprender” têm pegada roqueira e refrãos marcantes, prontos pra cantar junto, já “Engarrafamento” tem a cara de São Paulo (por que será?), mas se pensa que Rodrigo irá falar de carros e ônibus, esqueça. Suas letras fogem do lugar comum que insiste em pairar sob as cabeças dos compositores do pop rock nacional.

Peso e velocidade marcam o verdadeiro hardcore? A verdade pode ser uma mentira, mas se o que busca é rapidez, sirva-se: “Senhor, Seu Troco” com 26 segundos de puro “dedo na cara” e coro agressivo, “Desencontros” com 49 segundos e “Siga” com pouco menos que dois minutos de questionamento. Afinal questionar é viver...

Enquanto Bush se diverte bombardeando o Afeganistão e Bin Laden provavelmente planeja a vingança, por aqui o Dead Fish faz seu contra-ataque. E a arma escolhida é o hardcore! Porque todo dia é dia de revolução!

"Hoje é o dia da revolução, não há ninguém nas ruas."
Leonardo Panço / DeckDisc - Março de 2004

São com essas frases firmes e convictas que começa o novo álbum do Dead Fish, Zero e Um. Pode até ser que as ruas estejam vazias, mas há 13 anos que os shows dos capixabas estão várias coisas, menos vazios. O Dead Fish - leia-se Rodrigo (voz), Nô (bateria), Alyand (baixo), Hóspede e Philippe (guitarras, e que guitarras) - mostra em Zero e Um para o Brasil inteiro o que vários milhares de fiéis seguidores dos tempos do underground já sabem há muitos carnavais: que no punk-rock melódico, no hardcore, no rock, nas letras inteligentes, não tem pra ninguém.

Indo ao show da banda, você pode ver o cantor fazendo o "moon walk" de Michael Jackson ou cantando um trechinho de alguma música do Tim Maia. O quase intocável mundo fechado do punk rock se rendeu às boas idéias. Afinal, para que limites bobos e enclausuradores? A música não foi feita para isso.

A transição feita da autoprodução dos últimos CDs, lançados pela própria gravadora da banda, para esse novo disco fez muito bem ao som dos peixes. A qualidade dos arranjos, principalmente das duas guitarras, ficou muito mais inteligível, ouve-se tudo nos seus mínimos detalhes. Mesmo quando a banda desce o braço sem dó nem piedade, como em "Senhor, Seu Troco" e "Desencontros", hardcores sem firulas, com menos de um minuto. O velho recado dado da maneira mais direta possível. Certamente, contribuiu para a clareza e o peso do som a mixagem feita pelo mago Ryan Greene (NoFX, Sick of it All), no Motor Studio em San Francisco, Califórnia, sob direção do produtor Rafael Ramos.

Quem ouviu o CD ao vivo lançado em 2003 e conseguia sentir a emoção da platéia tão palpável que quase podia ser cortada com uma faca, vai definitivamente sentir o mesmo ao ouvir "A Urgência", parceria da banda com Bil (cantor e baterista do Noção de Nada), "Queda Livre", "Tão Iguais", "Bem-Vindo ao Clube", "Re-Aprender a Andar", "Engarrafamento". Convicção hoje, dúvidas amanhã. Várias letras podem ser vistas dessa maneira. Leia "Você" e descubra uma maneira muito peculiar de falar sobre a ganância, sobre o dinheiro. As interpretações vão se alternando entre a certeza e aquele olho em direção ao teto com as sobrancelhas em riste.

Já que não há limites, é possível imaginar as pessoas dançando de todas as maneiras em "Sonhos Colonizados", como no meio de uma roda de pogo, ou de olhos fechados, cantando o refrão de "Por Não Ter o que Dizer". São as melodias dobradas da voz (com ajuda de Alyand e Philippe) ou as guitarras oitavadas que tornam isso possível? Se um dos versos desse disco diz que "há urgência em estar vivo", entenda como queira, mas o que mais pode ser dito?

Fonte: DeadFish.com.br