Daniel Garnet & Peqnoh
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Serviço de Preto

Daniel Garnet & Peqnoh


Imagine que você vive em harmonia
É livre tem pai e mãe, tem filho e filha
Num clique, numa armadilha, alguém te oprime
Regime que te humilha e te suprime
Reprime te aprisionando com gargantilhas
Presilhas, correntes não são bijuterias
Desiste, no porão negreiro o sol não brilha
Evite olhar pra trás no mar não ficam trilhas
É triste ser separado da sua família
Progride a viajem em direção a ilha
Decide, calar-se ou apanhar por milhas
Não grite, aqui ninguém fala a sua lingua
Seu tempo já não é dos astros e do universo
E sim a pressa do opressor que presa o progresso
Despreza o seu credo menospreza o seu costume
O clero impõe a crença e quer que você se acostume
A ser um bom escravo, e ao fim da vida ir pro paraíso
A gente já vivia nele antes disso
O que nos resta agora: trabalhar sem dia, sem hora
Sem escala, cem horas por semana, sem grana
Sem nada, sem pausa, com náusea, sem causa,
Com trauma são pretos ditos sem alma
Em jaulas chamas senzalas
Sem ganho, sem banho, o cheiro de morte exala

"éramos guerreiros príncipes e camponeses,
Agora nos denominam vagabundos, viajamos
Nos navios negreiros por meses, nosso mundo
Novo, agora é o novo mundo"

Refrão 2x
Eu vou viver, eu vou vencer, vou chegar lá:
e nunca vou deixar de lutar

Eram pretos buscando liberdade veio a alforria
Um tipo de maquiagem pra esconder a hipocrisia
Uma utopia encomendada pra gerar frustração
Sem grana pra semente e nem terra para a plantação
Sem volta pra terra natal, sem embarcação
Agora são pretos buscando libertação
Demonizaram as crenças, padronizaram a cultura
Inventaram doenças, democratizaram a escravatura
Restaram escombros dos antigos quilombos
Afastaram os troncos, cicatrizaram os lombos
Tiraram o peso dos ombros, venceram a chacota
O chicote não chacoalha mais, nem estala nas costas
Ginga pastinha e bimba ao toque do berimbau
Ou candeia e donga ao som do carnaval
Guerreiros sempre seremos
Sofremos e nós sabemos
Não queremos nada do que não merecemos
Fazemos nossa parte, nosso trabalho, nossa arte
Mas ninguém reparte o pão, não querem ver nosso estandarte
Não é tarde, ainda é tempo tá ligado
Olhe em nossa história e entenda qual que é nosso legado
Temos cultura e ninguém pode nos tirar isso
Agora a gente prova, honra e mostra nosso serviço
De preto, muito respeito
Somos herdeiros e queremos o que é nosso por direito.

Refrão 2x
Eu vou viver, eu vou vencer, vou chegar lá:
e nunca vou deixar de lutar

Fomos escravos de ganho: mas, pro ganho de quem?
Trabalhamos pros senhores sem ganhar um vintém
Fomos agricultores, construtores, estrategistas
Somos produtores, professores, cientistas
Só nos quiseram como babás pras suas crianças
Hoje somos donos das casas da sua vizinhança
Dignamente sem falsidade ideológica
Preservando bem a identidade biológica.
Não somos melhores na música, não somos melhores no esporte
É onde tivemos melhores chances travestidas de sorte
Preta de branco é mãe de santo ou empregada doméstica
Não lhe passou na cabeça que poderia ser médica
Cê não admite que com bons olhos eu possa ser visto
Que eu posso subir na vida sem elevador de serviço
Sendo um advogado ou quem sabe um bom engenheiro
Isso é o que nós chamamos de serviço de preto

Refrão 2x
Eu vou viver, eu vou vencer, vou chegar lá:
e nunca mais vão me acorrentar
Eu vou viver, eu vou vencer, vou chegar lá

Composição: Daniel Garnet & Peqnoh - (Part. Phael Camargo)

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