Nascido em Santos eu fui criado na praia Quando era moleque era chamado de caiçara Não entendia porque me chamavam assim Eu não gosto de sol, ele não gosta de mim
Eu odeio calor, minha pele não aguenta Debaixo do guarda sol passava protetor cinquenta Enquanto todo mundo ia pra água, eu ficava na areia Só cuidando das toalha
Lembro bem quando o trauma começou Fui tentar pegar uma onda, mas a onda me pegou Tomei um "caldo" fui para uns nove metro Perdi o rumo não sabia mais onde era o teto
"Moleque doido num vai pra água não Você comeu agora cuidado com a indigestão"
Entrei na água pra pega um jacaré Mas saí com um galo na cabeça e um caranguejo no pé
Sou caiçara nasci na praia tenho o poder De ficar branco o ano inteiro e não morrer Na batalha minha fé não falha eu sei viver Sem sandália, chapéu de palha, vou te dizer
Santos, Praia Grande, Ocean, Vila Tupi Já morei no Samambaia e no fundo do Mel vi Não me conhece acha que eu sou paulista Deve ser pela cor, deve ser moralista
Na baixada não é fácil ser branquelo Era taxado de azedo, desbotado, magricelo Fazê o que ia vivendo na vivência Difícil mesmo era viver com a violência
"Moleque doido cuidado com o arrastão Se alguém chegar pra te roubar segura a minha mão"
A minha mãe sempre preocupada É que tamo no Brasil né, ela tá ligada O país onde o branco com playboy é confundido E o negro todo dia confundido com bandido
Não tô aqui pra fala de preconceito Esse assunto já é utopia num tem mais jeito
Sou caiçara nasci na praia tenho o poder De ficar branco o ano inteiro e não morrer Na batalha minha fé não falha eu sei viver Sem sandália, chapéu de palha, vou te dizer
Sou caiçara nasci na praia tenho o poder De ficar branco o ano inteiro e não morrer Na batalha minha fé não falha eu sei viver Sem sandália, chapéu de palha, vou te dizer