Eu me aproprio de você obra minha, distante, inconclusiva um work in progress dúbio uma paixão que é fugidia deliro em ti como a tela em branco e ensaio um transe sampelado de Pollock me agarro às tuas ancas num desespero de Guernica
E improviso uma soul music "Don’t make me stop now, Don’t make me stop now" eu grito em aberturas das tuas exposições é o som ambiente que se escuta nas vernissages do teu andar
Eu invado a tua órbita como um satélite desavisado enviado a uma celeste rinha desvendar espaços teus é minha astrofísica sina e tenho estrelas displicentes os planetas nus como vigias desvio-me dos cometas rotos – esses que em verdade são as vítimas – e os Brasinhas do Espaço atravessam a linha de visão. é o momento mais perigoso da viagem febril, vislumbro desenhos animados da infância alucino gravitando ao teu redor
Você é a idade da razão em direção ao teu colo que pretendo manso sigo pé ante pé, nada é em vão me demoro, perco tempo, a juvenilia aceito o conselho, envelheço de cabelos nevoados, alma curtida em tonéis de estrebaria quero ser teu mais antigo amante que visita lembranças selvagens – daquelas que agitam o sono e perturbam sobretudo ao lado das novas companhias
Quisera eu ser o resumo das intenções tardias o contato com o teu eterno, um misticismo ancestral de quinta categoria, charlatanismo permitido e nós, a dupla de xamãs preferida charlatanismo permitido e eu, teu guia
Composição: Davi Roque, Ronaldo Rossato, Linari, Bruxxo